Bebês e crianças podem desenvolver catarata?

Médico oftalmologista explica que, apesar de menos frequente, a catara congênita pode aparecer no nascimento ou na infância

Por Carlos Sousa,

Segundo o relatório global sobre saúde da visão, a partir de dados de 2019, coletados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a catarata é considera a principal causa de cegueira do mundo, atingido cerca de 65,2 milhões de pessoas. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de acordo com dados de 2022, aponta que a doença atingia 25% dos brasileiros com mais de 50 anos.

Foto: Ícone ComunicaçãoProblemas oculares em bebês e crianças
Problemas oculares em bebês e crianças


Embora seja mais comum em adultos, bebês e crianças têm chance de serem acometidos com a catarata congênita, que pode se manifestar desde o nascimento ou durante a fase da infância, por isso especialistas reforçam a importância dos exames e atenção à saúde ocular em todas as fases da vida.

O médico oftalmologista César Vilar, do Vilar Hospital de Olhos, explica que a catarata é uma opacificação do cristalino, a lente natural do olho, que ocorre principalmente devido ao envelhecimento. “Com o tempo, as proteínas do cristalino se desgastam, tornando a lente mais escura e dificultando a passagem da luz. Essa condição se desenvolve de forma gradual, afetando progressivamente a qualidade da visão”. Existem fatores, além do avanço da idade, que podem provocar o aparecimento da doença, como “diabetes, histórico familiar, tabagismo, uso prolongado de corticosteroides e exposição excessiva à luz ultravioleta”, reforça. 

Com relação às crianças, o Dr. César Vilar acrescenta que mesmo que seja menos frequente, elas podem desenvolver a doença. Quando presente ao nascimento, é chamada de catarata congênita. Contudo, a catarata pode surgir “ao longo da infância devido a fatores genéticos, infecções intrauterinas ou doenças metabólicas. É fundamental o diagnóstico precoce para evitar complicações no desenvolvimento visual”, orienta o oftalmologista. No caso dos bebês, o teste do olhinho e exames periódicos com médico oftalmologista são a principal recomendação.

Principais sinais da doença

De modo geral, os sinais iniciais da catarata incluem visão embaçada ou turva, dificuldade para enxergar à noite, sensibilidade à luz, necessidade de luz mais forte para ler, percepção de halos ao redor das luzes e visão dupla em um dos olhos. Mudanças frequentes na prescrição dos óculos também podem ser um indicativo.

Nos bebês e crianças, percebe-se a pupila esbranquiçada, conhecida como leucocoria. Essa manifestação pode ocorrer logo no nascimento ou demorar alguns meses. Nesses casos, é um indicativo de que a doença já está em um grau mais avançado.

Tratamento e orientações

O tratamento da catarata para adultos é cirúrgico, explica o Dr. César. “A cirurgia de catarata é um procedimento seguro e eficaz, no qual o cristalino opaco é removido e substituído por uma lente intraocular artificial. Atualmente, utilizamos técnicas avançadas que permitem uma recuperação rápida e uma melhora significativa na qualidade da visão dos pacientes”, ressalta, evidenciando que a cirurgia é uma das operações mais seguras e comuns na área médica.

No caso de crianças, critérios precisam ser observados, porque o tratamento dependerá da gravidade da doença. Se for uma catarata congênita parcial, por vezes não há necessidade de cirurgia, desde que o visual não esteja prejudicado. Nos casos mais graves, pode ser necessário a cirurgia por meio de técnicas específicas de acordo com o grau da doença e idade de cada idade paciente. 

A doença pode ser reincidente?

Com a remoção da catarata, ela não pode voltar, pois o cristalino opaco foi removido e não se regenera. “No entanto, em alguns casos, pode ocorrer a opacificação da cápsula posterior do cristalino, que antigamente era conhecida como ‘catarata secundária’”, pontua o Dr. César. Esse problema é facilmente resolvido com um procedimento a laser chamado “capsulotomia posterior, que restaura a visão rapidamente”, assegura.

Após a cirurgia, é indispensável que os pacientes sigam as recomendações médicas, como uso de colírio e demais cuidados necessários para uma boa recuperação. A visita regular ao médico é peça-chave para identificar e tratar doenças oculares, a exemplo da catarata.

Fonte: Ícone Comunicação

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