Vacina brasileira contra mpox avança para fase de testes em humanos

Imunizante utiliza tecnologia de vírus atenuado e não replicativo, oferecendo segurança até para imunossuprimidos

Por Dominic Ferreira,

O desenvolvimento de uma vacina brasileira contra a mpox (anteriormente conhecida como varíola dos macacos) está prestes a atingir um marco crucial. O Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciou que está finalizando o Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento (DDCM) para submeter à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esse é o passo necessário para obter autorização para iniciar os testes em humanos.

Foto: Reprodução/ DoroT Schenk/PixabayCapa
Imunizante utiliza tecnologia de vírus atenuado e não replicativo, oferecendo segurança até para imunossuprimidos.

O imunizante nacional, que já vinha sendo desenvolvido há dois anos, ganhou destaque após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a mpox como uma emergência de saúde pública de interesse internacional. A vacina utiliza um vírus atenuado e não replicativo, o que a torna extremamente segura, especialmente para grupos vulneráveis, como imunossuprimidos e gestantes.
Os testes iniciais demonstraram resultados promissores, mostrando uma robusta resposta imunológica, com indução de anticorpos neutralizantes e uma forte resposta celular. A líder da Plataforma de Vetores Virais e Expressão de Célula Eucariota do CTVacinas, Karine Lourenço, destacou que a vacina tem mostrado ser "protetora e esterilizante" durante a fase de pesquisa.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciou que a vacina nacional contra a mpox é uma prioridade dentro da Rede Vírus, um comitê especializado em virologia que atua no desenvolvimento de diagnósticos, tratamentos e vacinas no Brasil. O país já está preparado para produzir em larga escala a cepa atenuada do vírus vaccinia, responsável pela doença.
Em 2022, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos doou para a UFMG uma "semente" do vírus da mpox, material essencial para o desenvolvimento do insumo farmacêutico ativo (IFA), utilizado na produção da vacina. O projeto está atualmente na fase de aumento da produção, com o objetivo de garantir matéria-prima suficiente para atender à demanda em larga escala.
Atualmente, existem duas vacinas disponíveis contra a mpox, ambas aprovadas pela OMS. A Jynneos, produzida pela dinamarquesa Bavarian Nordic, utiliza um vírus atenuado e é recomendada para uma ampla faixa etária, incluindo gestantes e pessoas com HIV. Já a ACAM 2000, da norte-americana Emergent BioSolutions, possui mais efeitos colaterais e é menos segura, pois é composta por um vírus ativo.
Com a emergência global decretada, o Ministério da Saúde do Brasil já negociou a compra de 25 mil doses da vacina Jynneos junto à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Desde 2023, quando a Anvisa aprovou o uso provisório do imunizante, o país já recebeu cerca de 47 mil doses e aplicou 29 mil.

Fonte: Agência Brasil

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