Aumento nos casos de HIV/AIDS entre jovens preocupa especialista
De 2007 e junho deste ano, mais de 500 mil casos de contaminação pelo vírus foram notificados no Brasil
Registrada pela primeira vez há mais de 40 anos, a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, em português) causou pânico entre a população e se tornou uma epidemia global. Atualmente, com os avanços na área médica e com a divulgação de métodos de prevenção e tratamento adequado, a doença não assusta tanto os mais jovens – e isso pode ser um problema.
Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados através do Boletim Epidemiológico HIV/AIDS, de dezembro de 2024, entre os anos de 2007 e junho deste ano, mais de 500 mil casos de contaminação por HIV foram notificados no país. Ainda conforme as informações, comparando os dados de 2020 com os de 2023, o aumento foi de 24,1%, sendo o Nordeste e Norte, as regiões com maior crescimento, com 33,1% e 29,1%, respectivamente.
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Na comparação entre os anos de 2013 e 2023, constatou-se ainda um aumento nas taxas de detecção de AIDS em pessoas do sexo masculino nas faixas de 25 a 29 anos. No caso das mulheres, houve declínio nas taxas de detecção em todas as faixas etárias.
Para a infectologista do Grupo Med Imagem, dra. Geórgia Agostinho, os avanços na saúde que permitem uma melhor qualidade de vida às pessoas com o vírus HIV ativo, além de campanhas com foco maior no tratamento que na prevenção da doença, acabam tirando o peso do que pode significar uma infecção pela AIDS.
“Muitos pacientes hoje têm uma vida normal, não passam mais por aquele processo de emagrecimento muito intenso e não têm infecções oportunistas tão graves, desde que sigam o tratamento. Aliado a isso, hoje a propaganda caminha muito na valorização do descobrir que tem HIV e fazer o tratamento, e menos no sentido da prevenção”, frisa.
“Os jovens da atualidade não conviveram com esse drama da AIDS avançada, e isso certamente reduziu o temor deles em encontrar essa infecção. É muito comum que os jovens tenham uma vida sexual ativa sem cogitar a possibilidade de adquirir uma infecção transmitida por via sexual, apesar de ser uma realidade, um risco real no momento em que vivemos”, alertou a especialista.
Geórgia explica ainda como o vírus funciona, afetando o sistema imunológico, que regula as defesas do corpo do hospedeiro, e tornando seu organismo suscetível aos mais diversos tipos de infecções que, sem o devido cuidado, podem levar até a morte.
“A infecção pelo HIV, por si, pode causar danos em órgãos, inflamação no sistema nervoso central, nos rins, nos gânglios periféricos e em outros órgãos. Mas a principal consequência dele é fazer com que o paciente fique suscetível a adquirir infecções oportunistas por bactérias, fungos, outros vírus, fazendo com que doenças comuns tenham evolução mais grave”, apontou.
Prevenção é a melhor alternativa
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês), que causa a AIDS, pode ser transmitido nas relações sexuais (vaginal, anal ou oral) sem uso de preservativo, no compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente, no uso de drogas injetáveis e também na reutilização de objetos perfurocortantes com presença de sangue ou fluidos contaminados.
“O HIV pode ser compartilhado através de relações sexuais sem a devida proteção, mas também por materiais perfurocortantes, como pinças, alicates de unha, lâminas, ou materiais de depilação. A utilização de agulhas compartilhadas também é um risco, especialmente no universo das pessoas que fazem uso de drogas ilícitas”, alertou a infectologista da Med Imagem.
A transmissão também pode acontecer de mãe (portadora do vírus) para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação, chamada de “transmissão vertical” ou “transmissão placentária”, quando o vírus acaba sendo transmitido de uma pessoa gestante para o feto. “A pessoa portadora do vírus HIV pode acabar transmitindo para o seu bebê durante a gravidez, durante o parto ou após o nascimento da criança, por meio da lactação. Por isso, as mães devem realizar como rotina o teste de HIV durante o pré-natal, justamente para que, caso haja diagnóstico positivo, sejam tomadas as medidas eficazes para evitar que o bebê adquira infecção”, concluiu a dra. Geórgia Agostinho.
Fonte: Ícone Comunicação