Um terço dos médicos deixou a Atenção Primária entre 2022 e 2024

Rotatividade afeta regiões mais pobres e compromete continuidade do atendimento

Por Viviane Setragni,

Entre 2022 e 2024, cerca de 33,9% dos médicos deixaram seus postos na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, conforme estudo divulgado nesta segunda-feira (2) pela organização Umane e pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).  A rotatividade é mais acentuada em estados com menor Produto Interno Bruto (PIB) per capita, como Maranhão e Paraíba, enquanto regiões mais ricas, como Rio de Janeiro, São Paulo e o Distrito Federal, apresentam menor evasão de profissionais.  

Foto: Agência BrasilMedicina
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A médica de família e comunidade Marcella Abunahman, uma das autoras do estudo, destaca que a alta rotatividade prejudica a continuidade do cuidado, essencial para a eficácia do atendimento.  "É preciso pelo menos um ano para começar a conhecer o paciente e criar um vínculo. Quanto mais se conhece o paciente, mais acertos, menos erros e maior satisfação", afirma.  

Apesar do aumento de 23,6% no número total de médicos no país entre 2019 e 2023, a distribuição desigual persiste.  Dados do IBGE indicam que o crescimento foi mais intenso na rede privada, com um aumento de 29,7%, enquanto o setor público teve um incremento de 21,2%.  

Para enfrentar o desafio, o governo federal tem investido na expansão do programa Mais Médicos, que quase dobrou o número de profissionais em atividade desde 2023, alcançando cerca de 26 mil médicos em 2024.  Além disso, o financiamento da Atenção Primária teve um aumento de 28% em 2024, totalizando R$ 35 bilhões destinados a ações como saúde da família e equipes multiprofissionais.  

A pesquisa utilizou dados de fontes oficiais como Datasus, Sisab e IBGE, organizados em um painel interativo disponível no site Observatório da Saúde Pública.  O objetivo é auxiliar gestores na identificação de oportunidades de melhoria e no desenvolvimento de estratégias para fortalecer a atenção à saúde em todo o país.  

Fonte: Com informações da Agência Brasil

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