Anvisa aprova Mounjaro para emagrecimento em pessoas com sobrepeso ou obesidade

O medicamento injetável da Lilly, já usado contra diabetes tipo 2, passa a ser indicado para perda de peso em pacientes com IMC elevado

Por Carlos Sousa,

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do medicamento Mounjaro, da farmacêutica norte-americana Lilly, como auxiliar no tratamento da obesidade e do sobrepeso. A decisão amplia a aplicação do fármaco, que até então estava liberado apenas para tratamento de diabetes tipo 2 no Brasil desde 2023.

Foto: ReproduçãoMounjaroO princípio ativo do Mounjaro é a tirzepatida, um composto injetável de ação semanal que atua como agonista dos hormônios GLP-1 e GIP, mecanismo considerado inovador no tratamento da obesidade. Até o momento, as principais medicações disponíveis no país com esse objetivo utilizavam apenas o GLP-1, como os já conhecidos Ozempic, Wegovy (semaglutida) e Saxenda (liraglutida).

Indicações clínicas

A nova indicação permite que o Mounjaro seja prescrito mesmo para pessoas sem diabetes, desde que elas apresentem:

Índice de massa corpórea (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², caracterizando obesidade; ou

IMC igual ou superior a 27 kg/m², na faixa de sobrepeso, desde que associada a comorbidades como hipertensão, dislipidemia ou apneia do sono.

O endocrinologista Alexandre Hohl, diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), explica que a aprovação amplia significativamente o arsenal terapêutico para o combate ao excesso de peso.

“A tirzepatida é inovadora porque atua por meio de dois hormônios, GLP-1 e GIP, o que potencializa seus efeitos. Esse avanço consolida uma nova geração de medicamentos que podem transformar a vida de quem convive com obesidade”, afirmou.

Preço e limitações

Apesar da aprovação, o alto custo do Mounjaro ainda é uma barreira para muitos pacientes. A dose mensal varia entre R$ 1.400 e R$ 2.300, dependendo da dosagem. Em comparação, medicamentos com outras moléculas utilizadas no controle do peso têm preços entre R$ 600 e R$ 1.000.

Segundo o endocrinologista Fábio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a eficácia do Mounjaro já foi comprovada em diversos estudos clínicos, mas o tratamento exige comprometimento do paciente.

“É essencial manter uma alimentação equilibrada e praticar atividade física. O remédio sozinho não é suficiente. Além disso, ele pode causar efeitos colaterais gastrointestinais, apesar de ser considerado seguro para os rins, fígado, coração e até sob o ponto de vista psiquiátrico”, explicou.

Moura alerta ainda que o Mounjaro não é indicado para gestantes ou lactantes, já que não há estudos clínicos suficientes com esse público.

Fonte: Agência Brasil

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