Cursos de especialização em medicina: Crescimento e desafios
Crescimento de cursos de especialização médica gera preocupações no setor de saúde.
Com o aumento expressivo do número de faculdades de medicina no Brasil, a demanda por residências médicas não acompanha o ritmo de formação de novos médicos, levando ao crescimento de cursos de especialização como alternativa. No entanto, essa proliferação de cursos levanta preocupações no setor de saúde devido à falta de controle sobre a qualidade e a utilidade desses programas.
Falta de Vagas em Residências Médicas
De acordo com a Demografia Médica no Brasil 2025, elaborada em parceria entre o Ministério da Saúde, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e a Associação Médica Brasileira (AMB), o aumento significativo de faculdades de medicina, principalmente na rede privada, não foi acompanhado pelo incremento proporcional de vagas em residências médicas, que são essenciais para a formação de especialistas no país.
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Nos últimos anos, houve mais que o dobro de vagas autorizadas em cursos de medicina, passando de 23,5 mil em 2014 para 48,4 mil em 2024, sendo 80% dessas vagas na rede privada. Em contrapartida, o crescimento das ofertas de residências médicas foi modesto, aumentando de 22,1 mil em 2018 para 24,2 mil em 2024.
Expansão dos Cursos de Especialização Médica
Diante da falta de vagas em residências médicas, muitos recém-formados direcionam-se para cursos de especialização. No entanto, mesmo oferecendo formação profissional, esses cursos não conferem o título de especialista reconhecido pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) ou por exames de sociedades médicas afiliadas à AMB.
Em 2024, o Brasil já contava com cerca de 2,1 mil cursos de especialização médica, quase metade do número total de programas de residência naquele ano. A maioria desses cursos (41,2%) é ministrada totalmente a distância, enquanto 11,1% são semipresenciais.
Necessidade de Regulamentação
Com a preocupação crescente da falta de controle e qualidade desses cursos de especialização, representantes de entidades médicas clamam por uma atuação mais rigorosa do governo. Atualmente, a oferta desses cursos requer apenas o credenciamento da instituição e o registro de informações gerais, sem autorização prévia do MEC ou do Ministério da Saúde.
Uma proposta defendida por especialistas é que as sociedades médicas ligadas à AMB avaliem os cursos, analisando a grade curricular e emitindo pareceres sobre a qualidade da formação oferecida.
Novas Vagas e Desafios
O Ministério da Saúde anunciou recentemente a abertura de três mil novas vagas em residências médicas, com foco em regiões carentes de atendimento especializado, além de 500 vagas para capacitação de médicos especialistas. Essas medidas visam enfrentar a escassez de especialistas e acelerar o programa de redução de filas para atendimentos especializados no SUS, o Agora Tem Especialistas.
Diante da necessidade de equilibrar a formação de novos médicos com a oferta de especializações de qualidade, a regulamentação e fiscalização dos cursos de pós-graduação em medicina tornam-se essenciais para garantir uma prática médica qualificada e segura para a população.