Especialista alerta: sintomas intestinais podem indicar doenças inflamatórias

Patologista destaca riscos do autodiagnóstico e a importância de diferenciar intolerâncias de doenças inflamatórias intestinais

Por Carlos Sousa,

Nos últimos anos, termos como "intolerância à lactose", "intestino sensível" e "alimentação sem glúten" tornaram-se cada vez mais frequentes no vocabulário popular e nas redes sociais. Essa maior conscientização sobre a relação entre alimentação e saúde intestinal, embora positiva, também trouxe um risco crescente: o da banalização de sintomas que podem esconder condições mais graves.

Foto: ReproduçãoInflamação intestinal

Quem faz o alerta é a médica patologista Nayze Lucena Sangreman Aldeman, do IESVAP | Afya, ao destacar a importância de diferenciar intolerâncias alimentares das chamadas Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa.

Diferenças fundamentais entre intolerâncias e DIIs

Segundo a especialista, a intolerância alimentar é uma dificuldade do organismo em digerir ou metabolizar certos alimentos, geralmente por deficiência de enzimas ou por reações não imunológicas. Um exemplo clássico é a intolerância à lactose, cujos principais sintomas envolvem gases, cólicas, diarreia e distensão abdominal.

Por outro lado, as Doenças Inflamatórias Intestinais são condições autoimunes e crônicas, que afetam intensamente o trato gastrointestinal e não estão relacionadas a um alimento específico, mas sim a uma combinação de predisposição genética, disfunção imunológica e fatores ambientais.

O perigo do autodiagnóstico

Nayze Sangreman alerta para um fenômeno crescente: o autodiagnóstico e a retirada indiscriminada de alimentos da dieta, sem acompanhamento médico. Segundo a especialista, esse comportamento pode mascarar sintomas iniciais de doenças mais sérias, retardando o diagnóstico correto e o início do tratamento.

“Muitas vezes, os sintomas de uma DII, como diarreia persistente, dor abdominal e urgência evacuatória, são confundidos com intolerâncias alimentares. Isso pode agravar o quadro, trazendo riscos importantes à saúde”, explica.

Além disso, dietas restritivas sem orientação podem gerar deficiências nutricionais, piorando ainda mais a qualidade de vida.

Sinais de alerta: quando é mais do que uma simples intolerância

A patologista recomenda atenção redobrada caso o paciente apresente um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Perda de peso inexplicada
  • Presença de sangue ou muco nas fezes
  • Febre recorrente
  • Anemia de causa indefinida
  • Fadiga extrema e persistente
  • Dor abdominal intensa e frequente
  • Histórico familiar de Doença Inflamatória Intestinal

“Nesses casos, é fundamental procurar um gastroenterologista o quanto antes”, reforça Nayze.

Diagnóstico e tratamento: caminhos distintos, mas possíveis

O diagnóstico das intolerâncias alimentares é relativamente simples e pode ser feito com testes específicos ou dietas de exclusão, com posterior reintrodução controlada dos alimentos. O tratamento geralmente consiste em evitar ou reduzir o consumo do alimento causador, com uso eventual de suplementos, como a enzima lactase, no caso da lactose.

Já o diagnóstico das Doenças Inflamatórias Intestinais exige investigação mais detalhada, incluindo exames de sangue, colonoscopia com biópsia, exames de fezes e, em alguns casos, tomografias ou ressonâncias.

O tratamento das DIIs envolve medicações para controlar a inflamação, mudanças no estilo de vida e, quando necessário, procedimentos cirúrgicos. Embora não haja cura definitiva, o objetivo é alcançar e manter a remissão dos sintomas, prevenindo complicações.

Informação é cuidado

Em um cenário marcado pela disseminação rápida de informações nas redes sociais, a médica reforça a importância de buscar sempre orientação profissional antes de realizar mudanças na alimentação ou iniciar tratamentos por conta própria.

“Ter informação de qualidade e consultar especialistas é o primeiro passo para garantir saúde e qualidade de vida”, finaliza Nayze Lucena Sangreman Aldeman.

Fonte: Ícone Comunicação

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