A não tão doce espera. E não me sinto mais tão estranha por pensar assim

A não tão doce espera. E não me sinto mais tão estranha por pensar assim

Quando me descobri grávida entrei em choque. A maternidade me veio de forma inesperada, afinal, eu tomava meu anticoncepcional regularmente e após um atraso menstrual o exame acusou a gravidez. Pra mim, saber que estava grávida em um momento da vida o qual eu estava estudando, trabalhando bastante e procurando meu lugar ao sol foi devastador. 
 
Os primeiros pensamentos foram: e agora? Como vou cuidar de uma criança? Vou ter que desistir de todos os meus planos profissionais e pessoais? Financeiramente, poderemos sustentar uma casa e uma criança? E o plano de termos um cantinho nosso e casar? (essas foram as primeiras dúvidas)


Além de inúmeras duvidas me veio às lágrimas. Um turbilhão de sentimentos, pensamentos e emoções. Não vou dizer que foi fácil aceitar uma gravidez surpresa, então fui vivendo um dia de cada vez. As nossas famílias receberam a noticia com muita alegria, afinal uma criança é sempre uma benção, apenas eu me sentia alheia a esse sentimento.
 
No segundo e terceiro mês de gestação tive bastante enxaqueca e enjoos. Não conseguia me alimentar de comida, apenas frutas e iogurte. Iniciei meu pré-natal e mais uma vez me sentir uma grávida ET: na primeira ultrassonografia, do qual a gente escuta o coração do bebê bater eu não me emocionei. Sempre escutei das mamães que era o barulho mais lindo do mundo e que ali elas já sentiam o amor incondicional, eu não senti nada, apenas alívio de saber que estava tudo bem. 
 
Então pensei “deve ser porque estou com enxaqueca”. Mas não era bem isso, eu apenas não me sentia ainda uma mãe, além de todas aquelas dúvidas que martelavam em minha cabeça. Ficava satisfeita em saber que estava tudo bem e com saúde.

No quarto mês nós fomos saber o sexo do bebê. O médico me disse que era um menino, muito saudável e grande. Nelson explodiu de emoção e minha reação mais uma vez foi “fria”, mas sempre tentava externar outra reação para ver se eu conseguia mudar meu sentimento.  Isso me deixava cada vez mais preocupada e sempre me perguntava: será se realmente nasci pra ser mãe? Porque ainda não explodir de amor?
 
Tenho certeza que muitas mamães leitoras também já passaram por isso. Não sentir o amor incondicional pelo seu filho dentro da barriga pode parecer estranho, mas é super normal.
 
Descobri isso no sexto mês de gestação, em uma visita ao psicólogo Carlos Eduardo Leal, fui, na verdade fazer uma entrevista para uma matéria, mas no final se transformou em uma consulta informal (como já havia feito um tratamento com ele me senti a vontade em falar dos meus pensamentos e sentimentos). 

Falei pra ele que ainda não havia despertado o tal amor incondicional que as pessoas tanto falam e pude ouvir dele que “às vezes isso não acontece durante a gestação, pois nós precisamos também do contato físico, do olho no olho. Quando seu filho nascer tudo vai mudar”. Confesso que sentir um alivio quando sai de lá. E hoje posso afirmar com toda certeza que ele tinha razão.
 
A partir dai comecei a relaxar em relação a minha gravidez e esperar com calma e paciência conhecer meu filho. Sétimo, oitavo e nono mês foram tranquilos (dentro do possível, afinal o nono mês é totalmente desconfortante, mas isso é assunto para outro post).
 
Não, eu não fui uma grávida ansiosa. Sempre me mantive serena em relação à chegada dele, me organizei, arrumei tudo com muita calma e tudo deu certo!
 
Sei que meu coração mudou no momento em que ouvi o chorinho dele no centro cirúrgico. E se você é mamãe, ou será mamãe nos próximos meses e se sentir assim, não se preocupe no final você saberá o que é o amor entre mãe e filho (a).
 
E para falar comigo é só escrever para [email protected]

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