Bolsonaro e “Superação - O Milagre da Fé”

Bolsonaro e “Superação - O Milagre da Fé”

Em plena manhã de uma terça-feira (26) do final do mês de março de 2019, diante do “caos”, de uma crise política e econômica sem precedentes, o presidente da República Federativa do Brasil vai assistir em shopping de Brasília, com a esposa Michele, a um filme de “propaganda religiosa gospel” intitulado “Superação – O Milagre da Fé”.

O filme é baseado no livro “The Impossible”, escrito por Joyce Smith em parceria com Ginger Kolbaba. Joyce conta o que aconteceu com seu filho adotivo, John, que caiu nas águas de um lago congelado nos arredores da cidade de St. Louis, EUA, em janeiro de 2015. O menino foi dado como morto e, desesperadamente, Joyce rogou à intervenção de Deus para salvá-lo. Sua implacável convicção inspirou as pessoas ao seu redor a continuarem orando pela vida de John. O “milagre, então, aconteceu!

O filme, baseado no respectivo livro, claro, tido como uma propaganda para atrair seguidores religiosos, assemelha-se à crença evangélica do “Arrebatamento”, que significa o desaparecimento súbito dos verdadeiros cristãos pouco antes do Juízo Final - visão do movimento gospel para conquistar.

Segundo Tony Goes, na Folha de S.Paulo, “(...) A estreia nos EUA está marcada para o dia 18 de abril, a quinta-feira que antecede a Páscoa. Aqui no Brasil, segundo o site FilmeB, será uma semana antes, no dia 11. Talvez devesse até ser antecipada: a presença de Jair Bolsonaro em uma pré-estreia deu a “Superação” a melhor campanha de marketing possível, e a distribuidora faria bem em aproveitar a comoção. Só que não faz muito sentido um presidente da República servir de garoto-propaganda para um filme. É por isto que raramente é divulgada a programação da sala de cinema do Palácio da Alvorada. O endosso presidencial é algo que deve ser reservado para os produtos brasileiros de exportação (...).

Se Bolsonaro foi buscar mesmo inspiração em “Superação – O Milagre da Fé” para convencer como presidente do Brasil, o momento, ainda que oportuno, acabou denunciando a fragilidade de um governante sem convicção para “obrar milagre” no Brasil, mesmo que pensando ou com a convicção de que pessoas possam orar por ele, presidente.

Com o devido respeito, seria melhor Bolsonaro se inspirar no filme “Interestelar”, que mostra a terra com seus dias contados, inclusive para a raça humana. Imitando Cooper, para “obrar o milagre” de salvar o Brasil, Bolsonaro poderia fazer um dos sacrifícios mais difíceis da vida: “abandonar os filhos”. 

Tal qual Cooper em “Interestelar” que embarcou em uma viagem sem volta! O filme, uma obra-prima da ficção-científica, mostra que quando estamos determinados em fazer algo - mesmo com incontáveis quilômetros de distância ou através de outras dimensões -, nossos objetivos mais audaciosos e impossíveis podem virar realidade.

Ou, em última análise, o presidente Bolsonaro poderá se socorrer do enredo do filme “Náufrago”, do sofrimento, do desespero e da redenção de Chuck Noland, um funcionário da FedEx que sofreu um grave acidente e se viu preso numa ilha deserta por 4 anos. Sem conseguir estabelecer contato com ninguém, passava os dias tentando sobreviver fisicamente e, por certo, emocionalmente, sem perder a força e a esperança de que um dia conseguiria voltar à civilização, rever e idolatrar seu povo.

Mas, segundo Tony Goes, Bolsonaro não é um presidente comum. Toda vez que ele sente sua popularidade fraquejar recorre a expedientes como a infame postagem nas redes sociais mostrando cenas pornográficas.

Assistir “Superação – O Milagre da Fé” não é e nem será novidade alguma para nós cristãos brasileiros, milagreiros ou não. É apenas mais uma estratégia de Jair Bolsonaro para reforçar o fervor de seguidores, avisados e desavisados.

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