Escândalo Monumental
Escândalo Monumental
Em um futuro bem próximo, não será exagerado afirmar que estaremos experimentando no Brasil um dos maiores escândalos de fraude processual envolvendo autoridades até então insuspeitas da Operação Lava Jato com interesses confessáveis e inconfessáveis de juizes, procuradores e delegados no direcionamento de delações e acusações.
O editor-executivo do The Intercept, Leandro Demori, da equipe liderada por Glenn Greenwald no Brasil, afirma que os arquivos obtidos contêm "centenas e centenas de áudios, mensagens e vídeos", que constituem "um arquivo colossal". Diz não haver dúvida em relação à autenticidade dos arquivos que causam a liquidação da reputação de Moro e Dallagnol e que devem enterrar a Lava Jato.
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De acordo com o Intercept, as denúncias são originárias de arquivos enormes e inéditos, incluindo mensagens privadas, gravações em áudios, vídeos, fotos, documentos judiciais e outros itens enviados por uma fonte anônima e que revelam comportamentos antiéticos e transgressões que o Brasil e o mundo têm o direito de conhecer.
“A importância dessas revelações se explica pelas consequências incomparáveis das ações da Lava Jato em todos esses anos de investigação. Esse escândalo generalizado envolve diversos oligarcas, lideranças políticas, os últimos presidentes e até mesmo líderes internacionais acusados de corrupção” – diz a direção do informativo.
Condenação e Prisão de Lula
Para todo o material investigativo em poder do Intercept, afirma a direção, não há dúvida de que o fato mais relevante da Lava Jato não seria propriamente combater a corrupção, mas “a saga investigativa que levou à prisão o ex-presidente Lula no último ano. Uma vez sentenciado por Sergio Moro, sua condenação foi rapidamente confirmada em segunda instância, o tornando inelegível no momento em que todas as pesquisas mostravam que Lula – que terminou o segundo mandato, em 2010, com 87% de aprovação – liderava a corrida eleitoral de 2018. Sua exclusão da eleição, baseada na decisão de Moro, foi uma peça-chave para abrir um caminho para a vitória de Bolsonaro. A importância dessa reportagem aumentou ainda mais depois da nomeação de Moro ao Ministério da Justiça”.
O Intercept afirma ainda e de forma categórica que Moro e os procuradores da Lava Jato são figuras altamente controversas aqui e no mundo. Tidos por muitos como heróis anticorrupção e acusados por tantos outros de ideólogos clandestinos de direita disfarçados como homens da lei apolíticos. Seus críticos têm insistido que eles exploraram e abusaram de seus poderes na justiça com o objetivo político de evitar que Lula retornasse à Presidência.
Fora de duvidas
Para que não paire dúvidas na sociedade brasileira, diz o Intercept, o único papel na obtenção de todo o material foi seu recebimento por meio de uma fonte que o contatou bem antes da notícia da suposta invasão do celular do ministro Sergio Moro.
“Informar à sociedade questões de interesse público e expor transgressões foram os princípios que nos guiaram durante essa investigação, e continuarão sendo conforme continuarmos a noticiar a enorme quantidade de dados a que tivemos acesso. O enorme volume do acervo, assim como o fato de que vários documentos incluem conversas privadas entre agentes públicos, nos obriga a tomar decisões jornalísticas sobre que informações deveriam ser noticiadas e publicadas e quais deveriam permanecer em sigilo. Ao fazer esses julgamentos, empregamos o padrão usado por jornalistas em democracias ao redor do mundo: as informações que revelam transgressões ou engodos por parte dos poderosos devem ser noticiadas, mas as que são puramente privadas e infringiriam o direito legítimo à privacidade ou outros valores sociais devem ser preservados” - afirmam.
Proteção do acervo
O Intercept diz que tomou todas as “medidas para garantir a segurança deste acervo fora do Brasil para que vários jornalistas possam acessá-lo, assegurando que nenhuma autoridade de qualquer país tenha a capacidade de impedir a publicação dessas informações”.
Outra justificativa: “Ao contrário do que tem como regra, o Intercept não solicitou comentários de procuradores e outros envolvidos nas reportagens para evitar que eles atuassem para impedir sua publicação e porque os documentos falam por si. Entramos em contato com as partes mencionadas imediatamente após publicarmos as matérias, que atualizaremos com os comentários assim que forem recebidos”.
E finaliza: “Tendo em vista o imenso poder dos envolvidos e o grau de sigilo com que eles operam– até agora –, a transparência é crucial para que o Brasil tenha um entendimento claro do que eles realmente fizeram. A liberdade de imprensa existe para jogar luz sobre aquilo que as figuras mais poderosas de nossa sociedade fazem às sombras”.
A defesa no escândalo
No desespero para conter a divulgação do escândalo no Brasil, os envolvidos pensaram até em pedir a prisão do principal editor do Intercept, Glenn Greenwald. Mas, descobriram que são vários espalhados pelo mundo e todos eles de posse do material para divulgação no principal jornalismo mundial, como New York Times, The Guardian, Washington Post, La Republica, Le Monde Diplomatique e na melhor imprensa europeia e norteamericana, além, é claro, dos jornais e portais brasileiros interessados na busca da verdade.
No momento - é a minha impressão como profissional do Direito -, Moro e Dallagnol cometem o mesmo erro estratégico dos corruptos e corruptores investigados na Lava Jato por eles mesmos, quando não reconhecem como verdadeiros os textos divulgados pela imprensa mundial e nacional, de que podem ter sido adulterados ou manipulados.
Acossados pela repercussão negativa mundial em um escândalo monumental no Judiciário brasileiro sem precedentes, apressaram-se com uma tese de defesa possivelmente insustentável, não se dando conta de que áudios e vídeos que serão divulgados podem desmascará-los e agravar ainda mais a situação deles em conversas nada republicanas, estarrecedoras e colossais.