Bolsonaro – quadro clínico ou criminal
Bolsonaro – quadro clínico ou criminal
No período colonial, coube a cronistas da estirpe de João de Barros, frei Vicente do Salvador e Pero de Magalhães Gândavo a definição do termo “Brasil”: uma derivação de “pau-brasil”.
Poucos sabem, mas há uma controvérsia sobre a terminologia “Brasil”. Raízes etimológicas demonstram que o termo foi uma construção ou reconstrução do filólogo Adelino José da Silva Azevedo, que disse tratar-se de uma palavra de procedência celta, uma lenda que fala de uma "terra de delícias" vista entre nuvens. Segundo ainda o filósofo, as origens mais remotas do termo poderiam ser encontradas na língua dos antigos fenícios.
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Em 1967, com a primeira Constituição no período da ditadura militar, o Brasil passou a chamar-se República Federativa do Brasil, nome que a Constituição de 1988 conservou. Antes, na época do império, era Império do Brasil e, “a posteriori”, com a proclamação da República, Estados Unidos do Brasil.
De todos os presidentes eleitos os mais polêmicos e extravagantes em temperamentos foram sem dúvida Jânio Quadros e Jair Bolsonaro. Homens de personalidades difíceis! Um pelo saber, pela extrema inteligência; o outro, pela ignorância em conhecimentos. O primeiro renunciou; o segundo em situação complicada e imprevisível.
“Nasci com este temperamento e morrerei com ele. A mim agrada, e é o bastante. Não existo para agradar os outros. Vou empenhar-me nesta luta com todas as minhas forças, marcando meus atos com a máxima lealdade e a mais absoluta limpidez e coragem - dizendo apenas o que penso e atendendo, assim, à minha própria consciência” (Jânio Quadros, dias após a posse).
"Desculpem as caneladas, não nasci para ser presidente, nasci para ser militar. Mas, no momento estou nessa condição de presidente e, junto com vocês, nós podemos mudar o destino do Brasil. Sozinho não vou chegar a lugar nenhum. Daqui a um tempo serei mortal como todos" (Jair Bolsonaro, dias após a posse).
Hoje, com o agravamento das constantes polêmicas e agressões do presidente em público, é inevitável a comparação entre ele e Jânio Quadros. No momento, há quem diga que Jair Bolsonaro tem a cara de Jânio Quadros.
Jânio governava mandando recados aos políticos e a colaboradores através de “bilhetinhos” (o “twitter” da época), preterindo a imprensa, inclusive a oficial para governar e determinar providências.
Agora, na época digital, Bolsonaro usa a internet pelas redes sociais para apresentar propostas, ameaçar, repreender e exonerar auxiliares, além de agredir a imprensa e a quem atravessar seu caminho.
O jornalista Kennedy Alencar, que já passou por inúmeras emissoras de rádio e de televisão, atualmente fazendo comentários de política na rádio CBN, não poupou críticas ao atual presidente, tachando-o de “racista, ignorante, mentiroso, autoritário, persecutório, mal-educado e despreparado”.
Jânio Quadros foi um intelectual como advogado e professor. Publicou as seguintes obras: “Curso prático da língua portuguesa e sua literatura” (1966), “História do povo brasileiro” (1967, em coautoria com Afonso Arinos), “Os Dois Mundos das Três Américas” (1972), “Novo Dicionário Prático da Língua Portuguesa” (1976) e “Quinze contos” (1983).
A única formação (não intelectual) de que se tem notícia de Jair Bolsonaro foi de ter sido “paraquedista” como tenente do Exército.
Pela psiquiatra, Jânio foi considerado um “quadro clínico”. Segundo o psiquiatra Nélio Tombini, o ex-presidente “era muito teatral. Chegava aos comícios comendo sanduíche. Mantinha os cabelos desarrumados, forjava o suor e tinha caspa no casaco (dizem que colocava farinha). Dizia que fora enviado pela providência divina para salvar o Brasil”.
Felipe Pena, psicólogo e professor da Universidade Federal Fluminense, Doutor em Literatura pela PUC, com pós-doutorado em Semiologia da Imagem pela Sorbonne, imagina Bolsonaro deitado no divã de seu consultório em posição fetal, com os chinelos raider escorrendo pelos dedos e a camisa falsificada do Palmeiras amassada pelo uso. "Nem precisa ir ao analista para fazer o diagnóstico. O Brasil está em perigo porque os brasileiros vivem em estado de negação e o ato falho está no poder."
Para o psiquiatra Roberto Tykanori, um dos mais reconhecidos especialistas brasileiros e ex- coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Bolsonaro é um criminoso e não um doente mental - Não acho que ele seja doente mental. O que ele está fazendo são crimes. Crimes contra a Constituição, crimes contra os direitos,... São crimes contra a humanidade. A meu ver deveria ser tratado como criminoso. Não como doente.
O certo é que, na minha modesta visão, com a popularidade em queda, num governo que patrocina crises diárias, conflitos e ofensas sem necessidade, inclusive contra os próprios ministros, em pouco tempo Bolsonaro conseguiu perder legitimidade e está perdendo, na prática, o poder.
Em perspectivas, na “A República”, Bolsonaro, hoje, vai ficando com o bigode de Jânio. A situação lembra a velha máxima de Karl Marx no 18º Brumário, segundo a qual a história se repete: na primeira vez como farsa; na segunda, como tragédia. A renúncia de Jânio foi uma farsa. E Bolsonaro é, definitivamente, um forte candidato a uma tragédia. Não apenas pessoal, mas com a de um país que não consegue estabilidade democrática no governo dele.