Ódio e discurso intolerante

Ódio e discurso intolerante

Vivemos um momento político ímpar. Nossas classes média alta e alta tentando assediar os rincões do Brasil com um discurso intolerante, raivoso, aniquilante e antidemocrático. Perdeu-se o senso do ridículo e da desproporção. Um Brasil, de um lado, com os humilhados; do outro, com os arrogantes gerando tensões de toda ordem no convívio social.

As seguidas derrotas eleitorais dessas classes fizeram eclodir, de certo tempo para cá, um Brasil do ódio, da raiva e do aviltamento. Um Brasil de frustrados por fracassos político-eleitorais pretéritos. Frustrações requintadas com “ira pública”, ignorando o respeitável, o aceitável e o ponderável. Na verdade, uma claque de canalhas, de vis, de reles, de infames,... Abjetos que são capazes de tudo. E, pasmem, com passados inconfessáveis.

Um secretário do Tesouro Nacional expressou uma frase bem emblemática: "Quem anda de carro e usa gasolina não é pobre". Isso para justificar a razão do preço astronômico dos combustíveis. Uma atitude arrogante, intolerante,...

A socióloga Esther Solano, professora da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Unifesp, falando sobre o lançamento do livro de autoria dela intitulado “O ódio como política”, fruto de pesquisas com movimentos neofascistas e com os eleitores de Jair Bolsonaro, tem uma visão político-eleitoral bastante interessante para o nosso momento odiento.

Para a pesquisadora, os discursos de ódio no Brasil partem, invariavelmente, de pessoas que têm ensino superior completo. São pessoas que já passaram pela universidade e que possuem alta escolarização. Dizem-se, portanto, “bem formadas”. Veja só!

Quem seria, então, o nosso inimigo? Por indução e interpretação, todos os que venceram no processo político recente e, agora, pregam o extremismo desmedido. Clareando para todos nós um discurso de “bocas sujas”, despudorado, desavergonhado,...

No Direito, somente para argumentar, discurso de ódio é qualquer gesto ou conduta, escrita ou representada, que seja proibida porque pode incitar violência ou ação discriminatória contra uma pessoa ou grupos de pessoas, minando ou rompendo o liame da cidadania.

O Conselho da Europa, por exemplo, entende ser necessário que certas sociedades democráticas penalizem e, inclusive, proíbam todas as formas de expressão que espalham, incitam, promovem ou justifiquem ódio. Convenceu-se de que os discursos de ódio não são inócuos, como a princípio parecem ser. Dados estatísticos e históricos abundantes indicam que geram danos físicos e psicológicos. E, por consequência, uma forte correlação entre expressão de ódio e violência física.

Ao contrário de outras expressões de uma sociedade civilizada e democrática, discurso intolerante não visa ao diálogo. Visa apenas silenciar, quando não suprimir, o pensamento e a expressão de outrem. Felizmente, é possível concluir que essa gente perde tempo. 

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