Ignorância e Mediocridade
Ignorância e Mediocridade
O professor Pasquale Cipro Neto, nascido em Guaratinguetá, SP, conhecido popularmente como Professor Pasquale, é um mestre da língua portuguesa e foi o idealizador do Programa da TV Cultura “Nossa Língua Portuguesa”. Atualmente, apresenta um programa diário na Rádio CBN, "A Nossa Língua de Todo Dia".
Filho de imigrantes italianos, fala italiano, inglês e francês. Como obras publicadas, destacam-se: “Gramática de Língua Portuguesa (com Ulisses Infante)”; “O dia-a-dia da nossa língua”; “Nossa Língua Curiosa”; “Nossa Língua em Letra e Música”; “Ao pé da letra”; “CD-ROM Nossa Língua Portuguesa”; “Coleção Passo a Passo”; “Coleção Professor Pasquale Explica”; e “Vivo Português com Professor Pasquale”.
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Diante das infâmias, dos descalabros e das grosserias públicas de Jair Bolsonaro, virando o país de cabeça para baixo e estimulando incertezas, o professor Pasquale não se conteve e desabafou: 'O Brasil mergulhou na ignorância e na mediocridade com Bolsonaro'. Ana Carolina Mendonça, sob a supervisão da subeditora Ellen Cristie, do Estado de Minas, divulga matéria para reflexão no Correio Braziliense:
“O professor de gramática e colunista da rádio CBN e do sistema Globo, Pasquale Cipro Neto, criticou duramente o governo Bolsonaro em vídeo divulgado nas redes sociais. O vídeo fazia parte de um evento que ele participou em Lisboa, Portugal.
De acordo com Pasquale, Jair Bolsonaro mergulhou o “Brasil de cabeça na ignorância, no obscurantismo, na mediocridade e o resultado disso é imprevisível”. O professor ainda fez várias críticas ao ministro da Educação, Abraham Weintraub. Pasquale chamou o ministro de iletrado e propôs um exercício para a plateia, onde ele questionou se em um governo petista as falas e tuítes de Weintraub seriam consideradas normais.
“É uma usina que não tem freio, próximo ao descalabro. E com o incentivo que há hoje com a grosseria. O ministro da Educação é um iletrado. Iletrado! E fica por isso mesmo. Imagina se alguém de algum governo do PT tivesse dito uma, uma só, ou escrito, uma só, das pataquadas que esse indivíduo fala ou escreve. Imagine o que teria acontecido”, diz.
Para Pasquale, Bolsonaro e Weintraub causam um “pandemônio” no Brasil. “Pandemônio. Fim do mundo. O sujeito toda vez que se manifesta revela que é um iletrado. E por aí vai. É só incentivo à brutalidade, à violência, ao assassinato, ao crime, à invasão, à grosseria.”
Ele ainda citou a disputa interna do PSL, partido que elegeu Jair Bolsonaro como presidente da República. ‘Um baixo nível. Você agora vê os caras do PSL se matando, o que eles dizem um para o outro. Um palavreado. São bárbaros. Tá feio o trem, como se diz em Minas’”.
Indubitavelmente, agora digo eu, a insistência na agressão e na boçalidade de Bolsonaro tem mostrado ao Brasil e ao mundo um presidente da República com personalidade doentia e sombria, um ‘parnaso’ das trevas.
Hoje, no ocaso do primeiro ano de mandato, começa-se a perceber claramente que o presidente do Brasil tem nítidos traços de um homem desequilibrado, desqualificado e obscurantista, desprovido de quaisquer valores morais e sociais, sobretudo quando pronuncia palavrões e firmações falsas em público, protagonizando ataques pessoais inconsequentes e injustos sem medir consequências tanto no âmbito interno como externo, afrontando o decoro do cargo e maculando a imagem da Nação.
Com o avanço dessa ignorância, tendo o Direito como uma das maiores vítimas, com o esvaziamento de sentido material e concreto dos fundamentos da Constituição, na visão do jurista Pedro Serrano “(...) Não se cogita mais, nesse sentido, decisão política ou judicial que não esteja condicionada ao que determina a Constituição, seja pelo modal deôntico do proibido – no caso dos direitos de liberdade que o Estado é proibido de vulnerar –, seja no modal deôntico do obrigatório – no campo dos direitos sociais, no qual o Estado é obrigado a realizar. (...) Como se sabe, a vida em sociedade demanda um certo “common ground”, um solo comum mínimo de valores jurídicos, políticos e morais, essencial para que a própria sociabilidade possa se realizar”.
Rui Barbosa nos deixou uma pérola: “A chave misteriosa das desgraças que nos afligem é esta; e somente esta: a Ignorância! Ela é a mãe da servilidade e da miséria”. Outros não menos cultos nos educam: “Não há nada mais terrível que a Ignorância” (Goethe, 1749-1832); “Se me perguntar o que é a morte! Respondo-te: a verdadeira morte é a Ignorância. Quantos mortos entre os vivos!” (Pitágoras, 582-497, a.c); “A ignorância é a escuridão da mente!” (Confúcio, 551-478, a.c); “A diferença entre um homem sábio e um homem ignorante é a mesma entre um homem vivo e um cadáver.” (Aristóteles, 384-322, a.c); “Dar conselhos a um homem culto é supérfluo; aconselhar um ignorante é inútil.” (Sêneca, 65-2, d.c); “Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância.” (Martin Luther King, 1968); “Todo aquele que não sabe, seja quem for, pode e deve entrar no rol do vulgar.” (Miguel Cervantes, 1547-1616); “O tolo, quando erra, queixa-se dos outros; o sábio queixa-se de si mesmo.” (Sócrates, 469-399, a.c).
Da cátedra do conhecimento, colhemos: “Ignorante é o indivíduo que não sabe”; “Aquele que não tem conhecimento de algo”; “Quem desconhece”;... O ignorante estabelece critérios que desqualifica o conhecimento alheio em favor de sua falta de conhecimento. Faz ideias falsas sobre si - e o mundo que o cerca -, de forma errônea, maldosa e deturpada. “Ignorância é não saber, não querer saber ou ignorar o conhecimento”. Ignorante, enfim, é o “estúpido”, o “burro”, o “asno”, o “idiota”, o “imbecil”, o “retardado”, o “grosso”, o “grosseiro”,...
A quem Bolsonaro representa? Segundo o articulado Saullo Diniz, o atual presidente do Brasil não representa nenhuma alternativa senão a velha boçalidade. Uma pessoa que diz que torturaria o próprio filho caso o visse fumando maconha, que se arvora de ser Adolf Hitler pela fisionomia e pela grosseria, definido pelos doutos como “uma brutalidade moral e uma aberração jurídica”, realmente, apenas representa em si mesmo o que a sabedoria repudia: ignorância e mediocridade.