“Democracia em Vertigem” desnuda impeachment
“Democracia em Vertigem” desnuda impeachment
Indicado para o Oscar, o filme “Democracia em Vertigem”, dirigido por Petra Costa em forma de documentário, mostra a farsa do impeachment de Dilma Roussef no Brasil. Agora, sabe-se que tudo aquilo foi uma invenção da elite política brasileira para apear do poder uma pessoa que não tinha culpa pela crise criada propositalmente pelo o império econômico. Uma elite econômica e política que ainda hoje insiste em maltratar e a enganar o povo brasileiro.
“Democracia em Vertigem” - que recebe o título em inglês de “The Edge of Democracy” - tem enredo baseado no contexto do primeiro mandato do ex-presidente Lula até o processo que culminou com a cassação da ex-presidente Dilma.
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O filme estreou mundialmente no Festival de Sundance. E foi lançado no Netflix em 19 de junho de 2019. Também participou do Festival Internacional de Documentários de Copenhague, do Festival Internacional de Cinema de San Francisco, EUA, do Hot Docs Canadian International Documentary Festival e do Montclair Film Festival.
O jornal americano The New York Times o chamou de "uma crônica de traição cívica e abuso de poder; e também de desgosto". O francês The Guardian deu nota 4 em uma avaliação de 5 estrelas, dizendo: "[Petra] Costa consegue elaborar uma cartilha íntima sobre a queda do Estado no populismo e o desgaste do tecido democrático do país". O IndieWire, site de opinião inglesa, descreveu-o: "um retrato zangado, íntimo e assombroso do recente deslize do Brasil de volta às garras abertas da ditadura".
Todo brasileiro sabe que o impeachment da ex-presidente Dilma começou a ser engendrado logo após a derrota do candidato Aécio Neves, do PSDB, à Presidência da República. Inconformado, o tucaninho mineiro “tocou fogo” na política brasileira tachando os petistas de desonestos e corruptos, quando ele próprio terminou sendo flagrado e apontado pelas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal como sendo um dos políticos envolvidos em falcatruas. É assim que “Democracia em Vertigem” desnuda o “impeachment fabricado” para enxotar o PT da Presidência da República, desmascarando corruptos históricos há mais de 50 anos.
Na época da conclusão da farsa política, da invenção das pedaladas fiscais (que não tinha nada de crime) para simular a cassação do mandato da ex-presidente, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, produziu uma declaração que ganhou o mundo: “Eu não acompanhei nada desse patético espetáculo que foi o “impeachment tabajara” de Dilma Roussef. Não quis perder tempo”.
Comungando das declarações do ex-ministro, Wagner Francesco não se conteve e disparou contra falsos moralistas: “Eu perdi meu tempo: e vi um monte de gente sem discutir o crime - pois não houve – mas, discutindo se a presidente tem governabilidade ou não”.
Após a safadeza e a festa da cassação, a hoje deputada estadual por São Paulo, Janaina Paschoal, advogada que assinou com Miguel Reale o pedido para afugentar Dilma do poder, admitiu que “o impeachment foi uma farsa”. Ainda que envergonhada.
Na verdade, o tempo se encarregou de provar que houve um acordo esdrúxulo entre Michel Temer, então vice-presidente da República, com Eduardo Cunha, então deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, conjuntamente com os então senadores Aécio Neves, Romero Jucá e tantos outros deputados e senadores para que fosse deflagrado o impeachment. Todos eles envolvidos em corrupção e posando como moralistas e honestos para um Brasil cheio de ódio e de preconceito.
Como documentário, o filme exibe cenas da política brasileira com imagens clichês e vista aérea do Congresso Nacional. Há ainda imagens internas, entrevistas e áudios inéditos. Algumas cenas inéditas foram cedidas por Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial do ex-presidente Lula. O que diferencia a obra de uma grande reportagem é a narração da diretora do filme. Sua voz percorre os caminhos da imagem encadeando desde a história de ascensão e queda do PT até a eleição de Bolsonaro e a nomeação de Moro como ministro da Justiça. Como documentário histórico, como fonte de sustentação e pesquisa para o fortalecimento de nossa ainda frágil democracia, o filme é imperdível, inapelavelmente!
Roger Lerina, repórter e crítico do Canal Brasil, acredita que o filme merece ser aplaudido. Assim resume sua análise: “O resultado é um registro triste e doloroso do percurso de nossa claudicante democracia nos últimos 35 anos — do sonho da emancipação política e do crescimento econômico ao pesadelo do descrédito das instituições e da volta do fascínio atual pelo autoritarismo. A despeito do juízo que se faça das análises e conclusões de sua realizadora, Democracia em Vertigem merece aplauso por revelar anseios e temores íntimos dos ex-presidentes Lula e Dilma com muita humanidade e dignidade”.
Indicado para o Oscar, agora o mundo inteiro vai tomar conhecimento da maior farsa e da patifaria política do Brasil. O impeachment, convincentemente, foi um ato extremamente covarde. E planejado por fracalhões e pusilânimes dissimulados de íntegros, hipócritas, sacripantas que escondiam sentimentos inconfessáveis.
Veja a opinião de Isabella Lazaroni: “Democracia em Vertigem mostra, com muita competência e delicadeza, o retrato cru e verdadeiro de um dos momentos mais importantes de nossa história. O documentário dirigido, escrito e produzido por Petra Costa não teme nem hesita ao mostrar todos os bastidores de um jogo político sujo, que culminou na saída da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas não fala apenas sobre isso, documenta também toda a ascensão e queda da esquerda, além da prisão do ex-presidente Lula e da chegada da extrema direita ao poder. É um filme de muita importância e de uma qualidade enorme, que merece muita atenção. Não importa de qual lado você estar, não deve deixar de assisti-lo”.
Isabella conclui com um alerta importante: “Democracia em Vertigem nos alerta sobre o importante e perigoso momento em que vivemos, com a nossa democracia e o nosso país em risco. Mais do que isso: nos atenta para a consequência disso no mundo e como isso pode atingir outros países. É um filme de extrema importância, que deve ser assistido por todos e que não pode ser esquecido, porque explica e mostra muito bem esse momento tão importante da nossa história”.
O documentário deixa à reflexão universal de que o golpe contra Dilma Roussef não foi causado pelas pedaladas fiscais. Muito menos pela corrupção e pela crise econômica. A corrupção existe no Brasil desde o governo militar. Só que nunca foi devidamente investigada e denunciada. E a crise econômica desde a década de 90, quando FHC governou com os “nobres” brasileiros. Inquestionavelmente, o impeachment foi um golpe da direita sempre covarde, da elite conservadora e desonesta associada à malandragem de Cunha, Temer, Jucá e Aécio.
O impeachment foi uma farsa jurídica para deixar que ricos voltassem a controlar o governo central, com redução de salários, de empregos, de obrigações sociais, sobretudo previdenciárias, etc., etc. Como ocorre agora escancaradamente com o advento do governo Bolsonaro, que restabeleceu o abandono da política social brasileira com a volta de conflitos de classes e de conflitos entre ricos e pobres, da batalha nas redes sociais de liberais contra democratas, de anarquistas contra idealistas,... Criando-se um clima de ódio, de intolerância e de indignação no País.
No primeiro ano do governo Bolsonaro o Brasil ganhou 42 mil novos milionários, de acordo com o Relatório de Riqueza Global divulgado pelo Banco Credit Suisse (Suíça). O número de milionários no País saltou de 217 mil em 2018 para 259 mil em 2019. Foi uma das maiores altas do mundo, perdendo apenas para Holanda, Alemanha, China, Japão e Estados Unidos. A previsão é que o número de milionários no Brasil deve crescer 23% até 2024, chegando ao total de 319 mil adultos.
Bolsonaro faz um governo para os ricos quando perdoa as dívidas dos milionários, bilionários e do sistema bancário. E quando perpetua a desigualdade social no País. Para Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, “o que se percebe é a tática voltada tão somente para salvaguardar os interesses dos ricos e endinheirados à custa do deslocamento do ônus dos ajustes para 2/3 dos brasileiros situados nas posições intermediárias e na base da pirâmide social”.
Arrematando, também no primeiro ano do atual governo o Brasil foi um dos países do mundo onde mais cresceu o grupo de milionários “ultra-high”, aqueles com riqueza acima de US$ 50 milhões. Foram 860 novos grupos em 2019, perdendo apenas para os Estados Unidos. Uma realidade que a grande imprensa nacional esconde do povo brasileiro, contribuindo, assim, para estimular agressões mútuas nas redes sociais, induzindo muitos incautos e desinformados a graves erros de avaliação.