Especialista fala sobre o novo coronavírus

Especialista fala sobre o novo coronavírus

Cientificamente comprovado, há algumas causas de riscos globais com potencial impacto definitivo, que em situações extremas pode extinguir a raça humana, ou deixá-la em um estado de sofrimento tão profundo que jamais venha a se recuperar, fazendo com que o conceito de civilização perca todo o sentido de ser.

Dentre as eventualidades mais factíveis, citam-se: mudanças climáticas, como o aquecimento do planeta entre 4° e 6° centígrados, potencialmente fatal para a sobrevivência humana, propiciando à elevação do nível dos oceanos, submergindo de água as regiões costeiras e afetando criticamente a agricultura; uma guerra nuclear de larga escala, ou mais especificamente um inverno nuclear, dizimando bilhões de pessoas, boa parte dos animais de criação, os vegetais de cultivo e os organismos de vida selvagem, com contaminação da atmosfera de radioatividade, queda brusca da temperatura, afetando drasticamente a agricultura, comprometendo a continuidade da espécie; o impacto de um asteroide gigantesco, como o que causou a extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos; supervulcões, como as erupções vulcânicas ocorridas há 250 milhões de anos, que extinguiu 90% das espécies da Terra no período; biologia sintética, com criação de sistemas biológicos, incluindo vidas artificiais, como supervírus e superbactérias com poder infecciosos mais acentuados do que suas versões naturais; uma pandemia global muito específica, que matasse a maioria da humanidade, tornando a sobrevivência do pessoal imune à doença bastante difícil, senão inviável, sem uma comunidade de apoio.

Esse último cenário, felizmente em versão aparentemente minimizada, é o que estamos passando no momento, uma pandemia global ocasionada pelo novo coronavírus (Sars-Cov2), ou Covid-19 (Co, de corona, vi, de vírus, 19, o ano de sua aparição, 2019), uma doença respiratória aguda, que passou a ser considerada pandemia, por se espalhar em quadros epidêmicos, com transmissão local fixada, em todos os continentes, exceto a Antártida, e que vem se expandindo de modo assustador. Causada por uma virose surgida em Wuhan – a capital da província de Hubei e sétima cidade mais populosa da China com seu mercado de animais silvestres, como ratos, coiotes, salamandras gigantes, cobras, pangolins, ouriços, civetas, morcegos, e alguns domésticos, como gatos e cães, vendidos para consumo humano –, nascido de uma zoonose, segundo pesquisas, originária numa mutação dos coronavírus de morcegos e transmitida aos seres humanos depois de ter passado por um hospedeiro intermediário ainda desconhecido, hipótese inicialmente atribuída ao pangolim, mas refutada, em estudos, como improcedente; o animal mais comercializado ilegalmente no mundo, um mamífero da ordem Pholidota, que vive em zonas tropicais da Ásia e África.

Pandemia essa que vem originando impactos alarmantes nas principais bolsas de valores mundiais, ocasionando prejuízos incalculáveis na economia global, provocando demissões em massa e mudanças radicais de hábitos nas populações, obrigando a quarentenas e distanciamentos sociais, esvaziando espaços antes concorridos, fechando fábricas, estabelecimentos de ensinos, clínicas médicas, odontológicas, escritórios, locais de lazer, shoppings e o comércio em geral, exceto os de atendimentos prioritários, como os setores de alimentação e produtos de limpezas, de segurança, as farmácias, os postos de combustíveis e as agências bancárias, em horários restritos. Adiando a datas incertas as agendas de eventos esportivos, médicos, políticos e culturais, shows musicais, apresentações teatrais, festivais de músicas, de cinemas, feiras culturais e de negócios, celebrações religiosas, evitando-se preventivamente aglomerações, devido ao risco de contágio, que é moderado, mas sempre provável, com taxa de letalidade em aproximadamente 3%.

Por outro lado, 80% dos infectados apresentam sintomas leves, simulando uma gripe comum, tornando-se por conseguintes em potencias transmissores comunitários da virose, até por desconhecer que estão doentes, já que os discretos quadros sintomáticos não os compelem a se submeter ao exame específico para a detecção do vírus, que normalmente é indicado para casos mais graves, comprovadamente suspeitos, devido às limitações dos kits de testes diagnósticos e a possibilidade de sobrecarregar o sistema de saúde nacional, não preparado para atendimentos maciços.

O coronavírus necessita de hospedeiros para se multiplicar – animal, ou humano –, é transmitido por contágio direto, de pessoa para pessoa através de pequenas gotículas do nariz e da boca, nas tosses e espirros e em apertos de mãos; e por contágio indireto, como as superfícies e objetos contaminados. Por ser envolvido em uma camada de gordura, o vírus não sobrevive por muito tempo fora de organismo humano, sobrevivendo uma média de três horas no ar, e dependendo das condições ambientais, como o clima e a umidade, por quatro horas em superfície de cobre, um dia na de papelões, e até três dias na de plásticos e metais inoxidáveis. Tem como principais portas de entradas no organismo: boca, olhos e nariz. É sensível a temperaturas utilizadas para cozeduras dos alimentos (70°C), embora sem evidências de transmissão por meio alimentar.

Os principais sintomas são tosse seca, febre e dificuldade para respirar, mas os pacientes podem também manifestar dores no corpo, dores na garganta, dor de cabeça, tosse com sangue, olhos inchados, congestionamento nasal, diarreia, náuseas, vômitos, dores articulares, diminuição ou perda do olfato e paladar; em casos mais graves surgem sintomas de síndrome respiratória aguda e insuficiência renal.

O período de incubação – o tempo decorrido entre o contágio e o surgimento dos primeiros sintomas – pode perdurar por até 14 dias; entretanto, pesquisadores chineses sugerem que o prazo pode se estender até os 21 dias. Alguns afetados podem transmitir o vírus antes mesmo do aparecimento dos sintomas. A grande maioria das pessoas infectadas (cerca de 80%) se recupera da enfermidade sem necessitar de tratamento especial.

Entre os grupos mais vulneráveis estão os idosos, hipertensos, diabéticos, os que sofrem de problemas cardiovasculares, respiratórios, renal crônico e os pacientes imunodeprimidos, por não produzirem respostas imunológicas satisfatórias à agressão viral. Vítimas que convivem com uma ou mais doenças, sendo que os pacientes cardiovasculares são os que apresentam maior possibilidade de agravamento.

A partir dos 60 anos a capacidade do sistema imunológico tende a diminuir devido ao envelhecimento (a deterioração do sistema imunológico pela idade, chamada de imunossenescência), o que inclui os mais velhos entre os mais susceptíveis, e quando afetados pelo novo coronavírus, são os que atingem o maior índice de letalidade; e a partir dos 80 anos a infecção viral chega a ser sete vezes mais letal. Porém, a população jovem não está imune contra o coronavírus, mesmo com o sistema imunológico mais forte: na lista de óbitos pela pandemia se computam crianças e jovens adultos. A idade média dos mortos do sexo masculina é de 79,5 anos, do feminino, 83 anos, sendo que apenas 30% das vítimas são mulheres.

A insuficiência respiratória é a principal causa de mortes nos pacientes com Covid19 – a falta de oxigênio e o desalinhamento no organismo que levam a um estado de choque e falência de outros órgãos, daí a necessidade de suporte com oxigênio, e nos quadros de piora, a entubação do paciente –, seguida de choque, como o choque séptico, insuficiência renal e infecções oportunas.

Como não existem medicamentos de cura comprovada contra o coronavírus, a despeito das pesquisas e de testes com alguns medicamentos, como a cloroquina e hidroxicloroquina, usados para tratamento de malária e doenças autoimunes, o favipiravir, produzida comercialmente no Japão como Avigan, ainda sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os fármacos usados convencionalmente contra HIV, ebola e hepatite C, e de uma vacina específica, desenvolvida com base no material genético do novo coronavírus, portanto as medidas preventivas continuam a ser as mais válidas, a fim de evitar o contágio, que consiste nos cuidados básicos com a higiene: lavar bem as mãos com água e sabão, ou uso do álcool gel 70%, não tocar o rosto com mãos não higienizadas (expondo inadvertidamente as principais portas de entrada ao vírus); e aos que apresentam sintomas, evitar contatos físicos, como apertos de mãos, abraços, beijos ou compartilhar objetos, cobrir a boca e o nariz com lenços ou cotovelos ao tossir e espirrar, usar máscaras se apresentar sintomas, manter distância das pessoas sintomáticas, reduzir o contato social, e adotar o isolamento, ficando de preferência em casa, até que a situação esteja sob controle.

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