Moro e a “vingança do pipoqueiro”
Moro e a “vingança do pipoqueiro”
Em “De tudo um pouco, um pouco de tudo, sem muita pretensão”, Sirlei Fernandes nos conta da lenda do cavaleiro Sir Blackspot, que humilhou o modesto pipoqueiro Charles Lockwell, jogando-o numa poça de lama perante todo o povo, isso lá nas bandas da Normandia, região histórica do noroeste da França.
Charles não deixou por menos. Disfarçado de cozinheiro foi à casa de Blackspot e preparou um chá capaz de deixá-lo desacordado. Em seguida, despejou uma enorme quantidade de milho de pipoca goela abaixo do algoz.
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No dia seguinte, Blackspot partiu em missão das Cruzadas usando sua armadura reluzente. Com o sol implacável do verão europeu, devido ao metal da armadura, as pipocas começaram a estourar no estômago dele. Blackspot começou a pular feito um maluco enquanto as pipocas estouravam. Da boca dele saltavam grãos pipocados. Charles, sorridente, havia se vingado. Eis, portanto, a lenda da “vingança do pipoqueiro”.
Após o entrevero Moro x Bolsonaro, analiticamente, o jornalista paranaense Esmael Morais invoca matéria do Jornal Estado de São Paulo na qual se denuncia que Bolsonaro e Maia estariam se juntando para “esfolar” Moro. Em tese, o presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados teriam saído do armário e, juntos, montam uma estratégica com o Centrão para “enjaular” o ex-ministro.
De acordo com o jornalão paulistano, a tarefa de “abater” Moro caberia à base informal de sustentação de Bolsonaro no parlamento. Com esse objetivo, Centrão, Bolsonaro e oposição estariam se unindo “tacitamente” para destruir politicamente o ex-juiz da Lava Jato e da “República de Curitiba”. Para tanto, o Centrão possui mais de 200 deputados e teria o poder de barrar uma votação de impeachment no plenário da Câmara, que exige do agrupamento político apenas 171 votos.
Durante sua atuação como juiz, avalia, Sérgio Moro comprou inimizades no mundo político a ponto de não conseguir aprovar nenhum projeto no legislativo enquanto era titular do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Seria, então, o momento certo e propício para pespegar a ‘vingança do pipoqueiro’. Porque Moro não tem mais prerrogativa de função e nem imunidade como juiz. Decerto enfrentará mano a mano as forças políticas hostis que num passado bem recente foram perseguidas por ele como juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba. Será a bola da vez!
Falam até que a situação do Moro é mais complicada que a do Bolsonaro. A divulgação de mensagens trocadas por ele com o presidente e a deputada bolsonarista Carla Zambelli teria sido a gota d´água da mudança de posição de ministros militares que passaram, doravante, a avaliar o caráter e o distúrbio de personalidade do ex-juiz da Lava Jato. A ala militar no governo se diz perplexa, chateada e decepcionada com Moro. Consideraram-no, no mínimo, um traiçoeiro e covarde.
Pensando bem, não há outra análise a ser feita senão comparar a cena política ultrajante dos últimos dias com a lenda da “vingança do pipoqueiro”. Até o PT poderá entrar na nova onda! Afinal, seria a “vingança do pipoqueiro” ajustando-se como uma luva à perseguição da Lava Jato/Moro no caso Lula.
A “vingança do pipoqueiro” emerge como navalha cortante em direção a Moro, o ex-juiz que teria violado a imparcialidade que jurou respeitar quando assumiu a magistratura no Paraná. E em conluio com outras autoridades empreendera perseguição implacável contra vítimas antepostas, seletadas e preferidas pela “República de Curitiba”.