Moro, eleitor não perdoa traidor!
Moro, eleitor não perdoa traidor!
Com uma técnica muito peculiar para transmitir seu pensamento político, o jornalista gaúcho Moisés Mendes acha que o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro não passa de um “alcaguete”.
“É provável que tenha documentado tudo o que considera crime e pode até, segundo alguns, acabar envolvido nas próprias acusações, se ficar provado que foi cúmplice ou omisso. (...) Moro é o antigo alcaguete. O elemento, na linguagem policial, que dedura parceiros ou conhecidos que cometeram crimes. Também é chamado de “cagueta” por policiais e pela bandidagem. (...) Mas ele não é um delator no modelo consagrado pela Lava-Jato. (...) Moro virou alcaguete involuntário porque errou o bote” – vaticina.
- Participe do nosso grupo de WhatsApp
- Participe do nosso grupo de Telegram
- Confira os jogos e classificação dos principais campeonatos
Na literatura, o alcaguete é o sujeito que se presta, primeiro, a espionar amigos, inimigos, adversários,... até familiares; e, segundo, para servir-se como “dedo duro”, como “cagueta”, como “língua maldita”, “língua de trapo” no futuro. Para Hildegard Angel, os dedos duros são, acima de tudo, incitadores do ódio e de “justiçamentos”. São seres abjetos que para sempre serão estigmatizados pela história.
Por colocar a cabeça de Bolsonaro a prêmio, Moro é visto, hoje, não como um delator no exato sentido da palavra, porque ainda não se trata de delação seu depoimento na Polícia Federal. Mas, como o mais novo “cagueta” da história política republicana brasileira.
Para Marli Gonçalves, Diretora da Brickmann & Associados Comunicação, o que move o alcaguete é o sentimento de inveja, ódio, ciúme, compensação financeira e sordidez. Segundo ela, são as raízes desses ‘vermes terríveis’, ‘parasitas’ sem qualquer gota de caráter que maquinam contra todos. Para ele, a “vingança é prato que se come frio”.
Friamente, analisando-se a postura do ex-ministro para “entregar” de bandeja Bolsonaro, percebe-se que o plano dele dentro do governo “parou de dar certo” ou, então, na divisão de prestígios teria ficado de fora. Daí, Bosonaro passou a ser para o ex-ministro Sérgio Moro o “bandido sem palavra”, que prometeu e não cumpriu. E por isso fora alcaguetado.
Bolsonaro confiou a Moro seus segredos, seus sentimentos (ainda que inconfessáveis), seus medos, suas defesas, seus temores até familiares, ... E acabou dedurado pelo até então ministro confiável.
Para Moisés Mendes, o ex-juiz ainda não é um delator no modelo característico da Lava Jato, a operação policial/judicial que tanto o inspirou. Não! É, na verdade, um traidor! Não pode ser chamado ainda de colaborador premiado, porque não é considerado pela polícia e nem pela justiça como criminoso assumido, que aceita contar tudo o que sabe e apontar nomes de parceiros de crimes em troca de benefícios.
Politicamente, Moro palmilha agora por um caminho pantanoso. Aprendiz, marinheiro de primeira viagem, não conhece a regra de que “eleitor não perdoa traidor”. Ainda que a traição agrade, o traidor é sempre odiado, segundo a máxima de Miguel de Cervantes. Moro talvez não saiba, mas para Voltaire, “quem revela o segredo dos outros passa por traidor; quem revela o próprio segredo passa por imbecil”. Também não deva saber que eleitor não sabe conviver com traidor.
Todo “cagueta”, finalmente, não tem e nem terá vida fácil no mundo político. É histórico, desde a antiguidade! Na seara conhecido ficará como “ovelha negra” pelo mau-caratismo, pelo egoísmo e pela covardia. Emoldurando, lembrai do pensamento/ensinamento do romano Lúcio Méstrio Plutarco, autor do trabalho biográfico ‘A Vida de Nero’: “Cesar declarou que amava as traições, mas odiava o traidor”.