O fascismo com Bolsonaro

O fascismo com Bolsonaro

Domingo passado (07.06.2020), o programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, apresentou uma reportagem para esclarecer sobre o fascismo. Com Bolsonaro no poder, a nomenclatura ganhou as ruas para acabar eclodindo em manifestações públicas “antifascismo” e “antirracismo”, logo após o assassinato covarde de George Floyd por um policial nos Estados Unidos – branco matando negro por ódio e preconceito racial.

No programa, o regime fascista surgiu nos anos 20 na Europa e teve como marco mais representativo o fascismo italiano de Benito Mussolini, que, pela história, apareceu como líder mundial para impor ordem e recuperar valores tradicionais da sociedade. Uma das características do fascismo é a existência de uma liderança glorificada e idolatrada.

Mussolini aparece como a personificação ideal de cidadão. De dono da verdade para fazer com que as pessoas não busquem outras opiniões, censurando a imprensa como fez recentemente Bolsonaro, chamando manifestantes antifascistas de “marginais e terroristas”.

A história registra que o fascista é um “pária” da sociedade, uma “excrescência”, um “covarde”, um “verme humano” considerado como “vampiro” que suga a vida econômica e social de uma nação, causando a morte lenta e dolorosa das pessoas e de qualquer economia outrora vibrante e dinâmica. O fascista, como indivíduo autoritário no poder, é um “parasita” que suga e quer impor um estado violento.

Veja algumas características do fascismo:

- controle estatal do dinheiro, do crédito, do sistema bancário e dos investimentos;

- controle estatal com um padrão previsível: endividamento e inflação monetária;

- colapso financeiro gerado pela recessão;

- declínio no poder de compra do dinheiro e controle de salários dos outros;

- planejamento total e centralizado.

Alguma semelhança? Bem, fica a seu critério a resposta!

O fascismo utiliza o apoio conseguido democraticamente nas urnas através de eleições livres e diretas para fazer uma arregimentação nacional, controlar a economia, impor censura, cartelizar empresas e vários setores da economia, escolher empresários e privilegiá-los, repreender com grosseria e violência dissidentes políticos e controlar a liberdade dos cidadãos.

Alguma semelhança? Bem, fica a seu critério a resposta!

Não faz muito tempo, Bolsonaro disparou com arrogância: “A Constituição sou eu”. Basta! Veja a semelhança: "Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado; O princípio básico da doutrina Fascista é sua concepção do Estado, de sua essência, de suas funções e de seus objetivos.  Para o Fascismo, o Estado é absoluto; indivíduos e grupos, relativos" (do ditador italiano Benito Mussolini).

No Brasil de hoje, ainda que como um “trôpego no asfalto”, Bolsonaro tenta seguir a cartilha ultrapassada do ditador italiano, que empunhava a ideia de que enquanto o governo tem o poder de fazer qualquer coisa sem nenhuma limitação prática como um governo totalitário, com poder total.

O jornalista americano John Thomas Flynn, autor de um ensaio com alerta para as “alianças políticas profanas”, intransigente opositor do militarismo, que investigou o papel dos chamados "comerciantes da morte" (fabricantes de munições e banqueiros que pagavam), conclama:

“Na luta contra o fascismo, não há motivos para se desesperar.  Temos de continuar lutando sempre com a total confiança de que o futuro será nosso, e não deles”.

“O mundo deles está se desmoronando.  O nosso está apenas começando a ser construído.  O mundo deles é baseado em ideologias falidas.  O nosso é arraigado na verdade, na liberdade e na realidade.  O mundo deles pode apenas olhar para o passado e ter nostalgias daqueles dias gloriosos.  O nosso olha para frente e contempla todo o futuro que estamos construindo para nós mesmos.  O mundo deles se baseia no cadáver do estado-nação.  O nosso se baseia na energia e na criatividade de todas as pessoas do mundo, unidas em torno do grande e nobre projeto da criação de uma civilização próspera por meio da cooperação humana pacífica”.

A história registra que os fascistas sempre foram obcecados com a ideia de grandeza nacional.  Foi assim na ditadura militar brasileira. Isso não é a mesma coisa que a sua grandeza pessoal ou a grandeza da sua família ou a grandeza da sua profissão ou do seu empreendimento.  Não!

Para fascistas, grandeza nacional não consiste em uma nação cujas pessoas estão se tornando mais prósperas, com padrão de vida mais alto e de melhor qualidade. Não! Fascista não possui ideia nova. Não possui projeto grandioso. Nem mesmo seus partidários e simpatizantes realmente acreditam que podem alcançar algum objetivo.

A influência dos regimes fascistas de Benito Mussolini, na Itália, e de Adolf Hitler, na Alemanha, chegou ao Brasil após a Revolução de 1930, quando surgiu o “Movimento Integralismo”, que combatia defensores do pensamento progressista, tendo em Plínio Salgado sua principal liderança. Salgado foi escritor, jornalista, teólogo e político conservador que fundou e liderou a Ação Integralista Brasileira (AIB), partido nacionalista católico de extrema-direita inspirado nos princípios ditatoriais do movimento fascista italiano.

Recentemente, de braços cruzados, Jair Bolsonaro e o general-ministro Augusto Heleno publicaram um post com o slogan do Integralismo: “DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA”. A palavra 'Deus' indica a influência religiosa cristã; pátria como 'nosso lar'; e, por último, a expressão família como 'início e fim de tudo'.

Há poucos dias, o ex-ministro Ciro Gomes disse que o ministro Heleno é um “golpista salafrário”. Que "age como qualquer político corrupto: tenta matar o carteiro para não ter que ler a carta”. E disparou: “É ou não é verdade que ele está sujando o nome das Forças Armadas ao defender a pior bandidagem corrupta, ligada às milícias, que representa Bolsonaro?”

As milícias no Brasil são formadas por policiais que saíram ou foram expulsos das Forças Armadas ou das Forças de Segurança, que se organizam às escondidas para cometer assassinatos, inclusive políticos, sob o manto, às vezes, das “vendas” da Justiça e do Estado brasileiro. Protegido por milicianos, o fascismo tem seu alicerce no Estado do Rio de Janeiro, onde Bolsonaro mantém sua base política.

Para o doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), “a milícia não é um partido, age à margem da lei, se move por interesses econômicos e “não tem ideologia” (o que não pode ser dito tão facilmente pela imprensa acerca dos integralistas, olavetes e cia.). (...) Em uma palavra, pode-se dizer que as milícias são hoje o braço armado por excelência do neofascismo brasileiro”.

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