A campanha que levou Dr. Pessoa à vitória
A campanha que levou Dr. Pessoa à vitória
Dr. Pessoa (MDB) saiu das urnas neste domingo com uma votação consagradora - mais de 93 mil votos de diferença - sobre Kleber Montezuma (PSDB) e põe fim a quase quatro décadas de hegemonia tucana em Teresina. A partir de 1º de janeiro de 2021, um novo agrupamento político assumirá os destinos da capital piauiense.
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A campanha que levou Dr. Pessoa à vitória (Foto: divulgação)
Nenhuma novidade, porém. Com exceção talvez do próprio Dr. Pessoa - que conhecemos como médico, vereador e deputado, mas não como ocupante de cargo no Executivo - são todos velhas e conhecidas raposas da política piauiense. E foram essas raposas que ousaram montar e executar uma estratégia para impor uma derrota nunca vista ao prefeito Firmino Filho, comandante maior dos tucanos.
Com Themístocles Filho, João Henrique Sousa e Robert Rios na linha de frente, e o apoio na retaguarda de outras lideranças, como Marcelo Castro e Wilson Martins, a coligação liderada pelo MDB soube capitalizar, não só o anseio de mudança, mas principalmente o sentimento anti-Firmino e anti-PSDB no eleitorado teresinense.
Neste contexto, merece destaque a atuação do ex-ministro João Henrique Sousa, coordenador-geral da campanha de Dr. Pessoa.
Sem holofotes, sem pirotecnismo e, principalmente, sem ofuscar o candidato, ele conduziu a campanha de Dr. Pessoa até a vitória. Nos quadros do MDB, melhor nome não haveria para o trabalho. Tanto pela discrição, característica que melhor define João
Henrique Sousa, mas também pela imagem pública e boa reputação que construiu e mantém no meio político.
Quero acreditar que assumir a coordenação da campanha não foi um desafio ou um sacrifício imposto a ele pelos “cabeças” da sigla no estado. Foi o próprio Dr. Pessoa que o escolheu, ainda em junho ou julho, e apelou a ele para coordenar sua campanha.
Faz sentido. João Henrique, se observarem a sua trajetória política, sempre agiu além do partido, tanto em nível estadual, como nacional, não se perdendo em disputas paroquiais ou que comprometessem sua imagem – inclusive quando se aventurou numa corrida solitária percorrendo o estado em caravana, em 2017, colocando seu nome para disputar o governo.
João Henrique, coordenador de campanha de Dr. Pessoa (Foto: Fernanda Gil Lustosa / Portal AZ)
Na época, João Henrique foi solenemente ignorado pelos caciques do partido e nem por isso se vitimizou ou demonstrou qualquer tipo de mágoa quando o questionavam sobre a falta de apoio. O resultado, a gente sabe qual é. Não chegou nem às convenções partidárias, mas também não saiu menor.
É claro que o cenário, desde o início, se mostrou favorável ao Dr. Pessoa. E alguém pode dizer que é fácil coordenar uma campanha nestas circunstâncias. Não é! Campanha eleitoral nenhuma é fácil e, para que se obtenha êxito, os papéis precisam ficar bem definidos. Candidato é candidato e tem o seu papel de protagonista. Mas a administração, a coordenação desse cenário e dos atores que fazem parte dele, colocando cada um no seu devido lugar, é crucial para o sucesso, como foi agora, para que Dr. Pessoa se mantivesse no nível de disputa verdadeiramente competitivo.
Em campanha eleitoral, capacidade de organização, disposição para o trabalho e visão em perspectiva do contexto político, atributos reconhecidos em João Henrique, fazem toda a diferença. Neste aspecto, “bater à mesa” e “impor ordem” tem seus efeitos práticos. E, se em alguns momentos soa arrogante, na maioria das vezes é uma questão pura e simplesmente de manter o controle da situação - e a situação, no caso, era a posição favorável do candidato junto ao eleitorado e não ao que queriam os adversários. Para quê arriscar, por exemplo, participações em debates que não estavam contribuindo em nada? Este é só um exemplo, dos visíveis, para ilustrar esse comando necessário e conveniente que marcou a coordenação da campanha.
O resultado está aí – Dr. Pessoa, prefeito eleito de Teresina.
Sobre o que vem pela frente, acompanhemos.
Por Ana Cristina Guedes
Jornalista, especialista em comunicação política
Mestre em comunicação pela Universidade de Valladolid (Espanha)