A teimosia dos sonhadores
Salgado Maranhão
Neste domingo -- 12/6 --, o Salão de Livros do Piauí (Salipi) completa 20 anos com uma retomada magistral de suas virtuosas atividades, enterrompidas apenas nos últimos 2 anos, em razão da pandemia. Criado em 2003, por um pequeno grupo de abnegados professores (Cineas Santos, Luís Romero, Nilson Ferreira e Wellington Soares), voluntários de uma causa que muitos supunham não durar mais que uma edição. Mas, durou. Justamente porque o único fito de cada um dos seus gestores era apenas entregar à cidade de Teresina e ao Piauí (o Salão já se espalha por uma dezena de cidades do interior do estado), um programa continuado de cultura do livro. Imensos foram, naturalmente, os quase intransponíveis obstáculos. Sobretudo, no que toca ao custeio do projeto. Mas, não só: os primeiros escritores de renomes convidados, não se dispunham a vir ao Piauí, crendo não serem pagos pelos seus serviços.
Mas, com muito tato e paciência, alguns aceitaram e não se arrependeram, eles próprios tornaram-se difusores da boa nova. Mais de 500 autores do Brasil e do estrangeiro estiverem neste que é hoje um dos principais eventos literários no país. Cientes das nossas carências financeiras (o Salão depende dos já comprometidos recursos do estado e do município), alguns escritores americanos, ligados ao magistério, vieram custeados por suas próprias instituições. Essa relação de generosos apoios tem sido a tônica em todos essas anos.
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A cidade adonou-se do evento, desde o comparecimento em massa às permutas e parcerias, como as do Hotel e Restaurante Uchoa, cujo acolhimento tem sido imprescindível para o sucesso da feira. No correr de duas décadas, como não poderia deixar de ser, nem todos que iniciaram o projeto puderam continuar, porém, outros teimosos sonhadores se integraram à caminhada com extraordinária qualidade, entre os quais, as professoras Jasmine Malta, Edilva Barbosa e o professor Kassio Gomes, que preside a Fundação Quixote responsável pela realização do festival.
A cada edição, o Salipi homenageia um renomado escritor piauiense. Este ano foi o Prof. CIneas Santos, o exemplo maior de alguém que, nos últimos 50 anos, doou a alma e o sangue para fazer cultura séria em Teresina. Claro, nós humanos não estamos à altura da perfeição. E críticas há, com justiça; algumas sensatas e aproveitáveis, outras com o sabor do despeito e da inveja, mas, até essas nos educam sobre a vida e natureza humana.