Festa da Colheita do Arroz celebra resiliência no Rio Grande do Sul

O evento reuniu 2 mil pessoas para celebrar a retomada e a safra de 14 mil toneladas de arroz orgânico, a maior da América Latina

Por Carlos Sousa,

A 22ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico reuniu cerca de 2 mil pessoas no Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão (RS), na última quarta-feira (20/3). O evento, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do Rio Grande do Sul, marcou o início da colheita da safra 2024/2025, que totalizou 14 mil toneladas do grão.
 

Foto: Reprodução/Midia NinjaSafra de 14 mil toneladas de arroz
Safra de 14 mil toneladas de arroz

A celebração ocorre anualmente, mas foi suspensa em 2024 devido a duas enchentes históricas que atrasaram a semeadura do arroz, normalmente iniciada em setembro. No ano passado, ao invés da tradicional festa, o MST organizou um seminário sobre os impactos das mudanças climáticas na agroecologia.

Atualmente, 290 famílias assentadas cultivam arroz orgânico em sete municípios gaúchos: Viamão, Nova Santa Rita, Eldorado do Sul, Charqueadas, Guaíba, Tapes e São Gabriel. Foram semeados 2.850 hectares de arroz agroecológico e outros 800 hectares estão em fase de conversão.

Programação do evento

A programação começou às 9h com a abertura oficial da colheita na lavoura. Às 11h, um ato político contou com a presença de representantes do governo federal, parlamentares e convidados. Durante o dia, o público pôde visitar a Feira da Reforma Agrária, com produtos das cooperativas dos assentamentos.

No período da tarde, ocorreu o Festival por Terra, Arte e Pão, com apresentações dos músicos Antônio Gringo, Ciro Ferreira, Gustavo Couto, Marcial Congo, Martin Coplas, Zé Martins, do Unamérica, além do Coral Nhe’e engatu e bandas escolares de Viamão. A bateria da Escola de Samba Unidos da Vila Isabel, terceira colocada do grupo Ouro no Carnaval de Porto Alegre, também se apresentou.

Retomada da produção após as enchentes

A colheita de 2024 foi prejudicada pela maior enchente da história do Rio Grande do Sul, que destruiu lavouras e deixou centenas de famílias assentadas desabrigadas. No entanto, os agricultores conseguiram reconstruir a infraestrutura para garantir a produção deste ano.

Marildo Mulinari, conhecido como Tubiano, celebrou a retomada da produção. “Nos obrigamos a retomar, após a enchente. Estava tudo destruído, mas, por incrível que pareça, a lavoura está com um aspecto bom. Tivemos que reconstruir bombas, canais e estradas. Agora, oito meses depois, nos alegra ver o arroz e a expectativa de manter nossa média de 100 a 120 sacos por hectare”, afirmou.

O agrônomo Marcos Johnny dos Reis, coordenador da biofábrica Ana Primavese, destacou a importância da resiliência na reconstrução da produção. “Desde as enchentes, reunimos os produtores na cooperativa e nos grupos gestores. A retomada precisava ser imediata, dentro das condições que nos restaram. E conseguimos”, disse.

Com a recuperação da produção, o Rio Grande do Sul reafirma sua posição como o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, consolidando a agroecologia como alternativa sustentável e resistente aos desafios climáticos.

Fonte: Mídia Ninja

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