Gripe aviária reduz exportações de frango em 123 mil toneladas no Brasil

Fim do surto é reconhecido, mas restrições ainda afetam comércio de carne de aves

Por Dominic Ferreira,

A confirmação de um foco de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial no Rio Grande do Sul em 15 de maio teve um impacto significativo nas exportações brasileiras de carne de aves. De acordo com cálculos do Estadão/Broadcast, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil deixou de embarcar cerca de 123 mil toneladas de frango entre a identificação do caso em maio e os primeiros 14 dias úteis de junho, em comparação com a média do mesmo período em 2024.

Foto: Reprodução/Freepik/Imagem ilustrativaCaso de gripe aviária foi confirmado no Brasil

Nos dez dias úteis imediatamente após a detecção do caso de gripe aviária, os embarques caíram drasticamente. A média diária de exportações despencou para 14.025 toneladas, em contraste com as 20.210 toneladas registradas durante o mês de maio. Embora 140.249 toneladas tenham sido exportadas nesse período, a expectativa era que, mantido o ritmo anterior, o volume poderia ter alcançado 202.100 toneladas, resultando em uma diferença de 61.851 toneladas.

O impacto negativo se estendeu nas semanas seguintes. Nos primeiros 14 dias úteis de junho, o Brasil embarcou 224.040 toneladas, com uma média de 16.003 toneladas por dia, abaixo das 20.400 toneladas de junho de 2024. Isso representa uma perda adicional estimada em 61.560 toneladas, totalizando um prejuízo acumulado superior a 123 mil toneladas.

No entanto, a situação começou a mudar. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconheceu oficialmente o fim do surto de gripe aviária no plantel comercial brasileiro na última sexta-feira, 20 de junho. Com essa confirmação, o Ministério da Agricultura informou que vários países começaram a retirar as restrições impostas às importações de carne de frango do Brasil.

Segundo Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério, países como Coreia do Sul, Iraque, Marrocos e Bolívia já anunciaram a liberação das compras de frango brasileiro. "Desde a autodeclaração, o Brasil já restabeleceu vários mercados: Bolívia, Marrocos e, ontem, o Iraque", declarou Rua.

A Coreia do Sul, por sua vez, aceitou adotar a regionalização sanitária de forma permanente. Isso significa que, em caso de novos episódios de gripe aviária, o país não fechará o Brasil inteiro, mas apenas o estado afetado. Essa medida é um avanço significativo para a normalização das exportações.

Apesar do progresso, ainda existem obstáculos para a plena normalização dos embarques. Atualmente, 17 mercados mantêm embargos totais à carne de frango brasileira, incluindo China, União Europeia, Chile e Filipinas. Além disso, outros países impõem restrições parciais, principalmente aos produtos originários do Rio Grande do Sul ou de áreas próximas ao foco identificado. Há também suspensões mais localizadas, como no município de Montenegro (RS), onde foi detectado o foco de gripe aviária.

Fonte: CNN Brasil

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