Mais denúncias sobre descaso com crianças autistas em escolas de Teresina
A Secretaria Municipal de Educação não se manifestou sobre as denúncias.
O Portal AZ denunciou, nessa quarta-feira (26), a ausência de uma acompanhante terapêutica, para uma criança com transtorno do espectro autista (TEA) em uma escola pública de Teresina. O caso gerou diversas reações e muitos pais se manifestaram sobre o descasos nas redes sociais.
Os pais da criança de quatro anos e dez meses informaram ao Portal AZ, que mesmo com a entrada de uma ação judicial, a Secretaria Municipal de Educação (SEMEC), responsável pela contratação dos profissionais ainda não se manifestou.
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Após a denúncia, diversos pais e professores se manifestaram no post do Portal AZ, no Instagram, com situações semelhantes.
A Fotógrafa, Cybelle Soares, relatou que precisou retirar seu filho da escola por falta de acompanhantes: “Meu filho só foi pra escola na primeira semana. A diretora até tentou ver se conseguia. mas apesar dele estar com a parte pedagógica avançada ele ainda está com dificuldades na socialização. Por não ter acompanhante e piorar o quadro dele, em acordo com a escola, preferimos afastar ele. E assim seguimos”, comentou.
A situação se repete com Patrícia Ferreira, a acompanhante de seu filho passou apenas dois meses com ele: “A escola até tenta, porém a Semec não disponibiliza. Meu filho é autista, tem 8 anos e necessita de um acompanhamento, mas infelizmente a que estava com ele só passou apenas 2 meses, até agora a Semec não fez nada e meu filho continua sem A.T”, escreveu.
De acordo com Anna Kelly, mãe de uma criança com Distrofia muscular de Duchenne, ela já precisou acompanhar seu filho na escola para que ele não perdesse as aulas: “Desde o ano passado que também aguardo um cuidador pro meu filho, ele tem Distrofia muscular de Duchenne, já perdi a conta de quantos laudos enviei e me aconselharam a também dá entrada na justiça, eu estava indo pra escola com meu filho, sendo a cuidadora dele. Um absurdo o que essas secretarias fazem com a gente." desabafou.
Além dos pais, professores e acompanhantes também relataram as dificuldades enfrentadas por causa do pouco auxílio direcionado às assistências.
De acordo com a acompanhante Ka Beatriz, o número de acompanhantes para a demanda de crianças que precisam desse auxílio, causa uma sobrecarga nos profissionais. “Sou acompanhante e vivo a realidade nua e crua! Só tem eu e outra moça para uma escola onde tem mais de 10 crianças com TEA e entre outros transtornos. Temos que ficar nos revezando durante o nosso turno para poder dar um pouco de atenção para cada criança. Graças a Deus que na escola onde trabalho tem o AEE que ajuda muito, mas mesmo assim ainda é complicado, pois cada caso é um caso e nem todas as intervenções são iguais. Sem falar do nosso salário que é o mais baixo possível, e a falta de reconhecimento é enorme! Espero que um dia isso mude.” desabafou.
Para a professora Luciane Santos, com a falta de acompanhante ela se desdobra para atender as necessidades de alunos que precisam de uma acompanhante terapêutica e outros 36 alunos que compartilham a sala. “Sou professora da rede pública municipal e tenho 3 alunos com necessidades especiais e que precisam de AT, mas não temos acompanhante. Tenho me virado nos 30 para atender toda uma turma com 36 alunos. O desmonte da educação é uma política de governo.” disse.
Já para Giselle Nascimento, que atua como estagiária na função de acompanhante terapêutico, diz que falta treinamento e supervisão. “É um descaso tanto com as crianças quanto com os profissionais de Acompanhamento Terapêutico, pois temos que intervir com o que sabemos (falando de uma visão de estagiária) e muita das vezes não temos supervisão e acompanhamento para intervir da forma certa, já que cada criança exige uma intervenção diferente. A demanda está alta e a motivação e remuneração está baixa, desvalorizando cada vez mais a profissão dificultando até mesmo a seleção de pessoas para as vagas.” declarou.
Até o momento, a Secretaria Municipal de Educação não se manifestou sobre as denúncias.
Fonte: Portal AZ