É possível morrer de Amor? Conheça a Síndrome do Coração Partido

Vivenciar um grande estresse emocional, como o término de um relacionamento ou a morte de um ente querido, pode ter consequências severas para a saúde do coração, podendo até mesmo ser fatal. Essa condição é conhecida como síndrome do coração partido e apresenta sintomas que se assemelham a um infarto.

Foto: Reprodução/Freepik

O que é a síndrome do coração partido?

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Também chamada de "cardiomiopatia induzida pelo estresse" ou "síndrome de Takotsubo", a síndrome do coração partido ocorre quando os músculos do coração enfraquecem, resultando em dor no peito e falta de ar. Diferentemente do infarto, que é causado pela obstrução das artérias coronárias, essa síndrome é desencadeada por eventos estressantes.

"Durante um episódio [de síndrome do coração partido], o ventrículo esquerdo do coração sofre uma paralisia no ápice e no centro, que o deixa sem força para desempenhar sua função adequada. Esse quadro é desencadeado pela exposição excessiva a hormônios do estresse, como a adrenalina, que são produzidos quando somos submetidos a fortes emoções", explica o cardiologista Gabriel Gonzalo, do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL).

Como é diagnosticada e tratada?

A síndrome é geralmente diagnosticada por meio de exames de imagem, que mostram que a musculatura dos ventrículos, especificamente o esquerdo, não se contrai corretamente, diminuindo o fluxo sanguíneo. Apesar de os pacientes normalmente se recuperarem em dias ou semanas, casos raros e não tratados adequadamente podem levar ao óbito devido a complicações como arritmias cardíacas, formação de trombos intracavitários ou insuficiência cardíaca refratária.

O tratamento varia conforme a gravidade dos sintomas. Segundo Gonzalo, podem ser receitados medicamentos como diuréticos, betabloqueadores e inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), além de vasodilatadores para enfrentar o mecanismo que causou o problema. Em alguns casos, devido ao impacto emocional da síndrome, antidepressivos e ansiolíticos também podem ser incluídos no tratamento.

Causas e fatores de risco

De acordo com Jasvan Leite, cardiologista do Hcor, a síndrome pode ser provocada por eventos estressantes e traumáticos, como morte inesperada de um ente querido, término de relacionamento, demissão do emprego, desastres naturais e perda de bens materiais com valor emocional. "Esse tipo de situação provoca um aumento da produção de hormônios do estresse no organismo, que podem gerar contração de alguns vasos cardíacos, lesando o coração. Inclusive, estudos indicam que passar por situações estressantes como essas aumenta em duas vezes a chance de um infarto", explica Leite.

A síndrome, descoberta há cerca de 35 anos, tem se tornado mais comum recentemente devido ao aumento do estresse e da sobrecarga emocional no estilo de vida moderno. "Essa doença tem origem psicológica, porém os danos causados ao coração são físicos e simulam um infarto do miocárdio", acrescenta Gonzalo.

Quem é mais afetado?

A síndrome é mais prevalente em mulheres e idosos. No caso das mulheres, fatores hormonais podem estar envolvidos, especialmente durante a menopausa, quando a produção de estrogênio, um hormônio protetor do coração, diminui. "As mulheres tendem a apresentar maior sensibilidade ao estresse físico e emocional", observa Gonzalo.

Nos idosos, o "efeito viuvez" pode aumentar o risco da síndrome. Estudos mostram que o risco de um idoso morrer por qualquer causa aumenta significativamente nos primeiros meses após a morte do cônjuge.

Prevenção

Não há uma forma eficaz de prevenção total da síndrome do coração partido, mas adotar hábitos saudáveis pode ajudar. "Devemos manter um estilo de vida mais saudável, tanto física quanto emocionalmente, buscando atividades que aliviem nossa tensão e promovam o autocontrole, como prática de esportes ou exercícios de relaxamento", finaliza Gonzalo. Além disso, uma rede de apoio forte e a realização de exames cardíacos regulares são fundamentais para quem passa por grandes estresses emocionais.

Fonte: CNN Brasil