Jornalistas são indiciados por desviar R$ 3,4 milhões em doações

Segundo Polícia Civil da Bahia, os acusados retiam parte dos valores arrecados recebidos via pix

Por José Ribas Neto,

Dois jornalistas baianos foram formalmente acusados de desviar fundos destinados a auxiliar famílias carentes no estado da Bahia. Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, os desvios chegam na casa de R$ 3,4 milhões em transações suspeitas ao longo de um ano de ajuda arrecadada pelos mesmos.

Foto: Reprodução/Rede RecordApresentador Marcelo Castro
Apresentador Marcelo Castro

O caso conhecido como "escândalo do Pix", está sendo investigado pela Polícia Civil da Bahia há mais de um ano e culminou no indiciamento de 12 indivíduos em dezembro passado. Dentre os acusados encontram-se os jornalistas Marcelo Castro, na época do crime ainda repórter do Balanço Geral na Record Itapoan, e Jamerson Oliveira, ex-editor-chefe do mesmo programa.

O dossiê foi encaminhado ao Ministério Público Estadual, que solicitou mais averiguações para reunir evidências adicionais. Em suas declarações, Castro e Oliveira negaram veementemente qualquer envolvimento nas transgressões.

Conforme apuração da Folha, Castro teria movimentado R$ 1,2 milhão, enquanto Oliveira R$ 2,2 milhões em suas contas, quantias que não condizem com seus rendimentos conhecidos.

O inquérito demandou o congelamento de aproximadamente R$ 500 mil pertencentes aos investigados, cifra semelhante ao montante estimado das doações desviadas no esquema. Essa revelação foi feita em uma matéria divulgada na última quinta-feira pela revista Piauí.

Os jornalistas enfrentam acusações de estelionato, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro, crimes que podem acarretar penas de oito a 21 anos de prisão. Além deles, outras pessoas foram indiciadas, incluindo um amigo de Oliveira, apontado como operador do esquema, e indivíduos que cederam suas chaves Pix para o programa de TV.

O esquema foi descoberto em março de 2023, quando o jogador Anderson Talisca tentou fazer uma doação de R$ 70 mil para uma família, mas a chave Pix divulgada na TV estava incorreta, resultando na demissão de Castro e Oliveira.

A investigação

A investigação revelou que apenas parte do dinheiro arrecadado foi realmente destinado às famílias necessitadas, enquanto uma parcela foi desviada para contas bancárias de um amigo de infância de Oliveira, que é apontado como o operador do esquema.

As famílias afetadas afirmaram ter recebido quantias pequenas e foram manipuladas para pedir mais dinheiro, fingindo necessidades maiores do que as reais. O delegado Charles Leão, responsável pelo caso, declarou que isso representou um desvio de recursos de uma causa nobre, afetando inclusive crianças e pessoas falecidas.

A defesa

O advogado Marcus Rodrigues, representante de Castro e Oliveira, criticou a falta de acesso às informações das quebras de sigilo bancário, argumentando que isso viola os direitos de seus clientes. Ele destacou ter acesso apenas a evidências testemunhais que foram obtidas de forma questionável e expressou esperança na justiça.

Fonte: Com informações de Folha de São Paulo

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