Justiça revoga prisão de ex-CEO das Americanas em caso de fraude bilionária
Miguel Gutierrez permanece sob medidas cautelares em Madri após decisão do TRF2
A Segunda Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) revogou, por unanimidade, o mandado de prisão preventiva contra o ex-CEO do Grupo Americanas, Miguel Gutierrez. A decisão, que beneficia o executivo acusado de envolvimento em uma fraude contábil bilionária, foi confirmada nesta quinta-feira (22). Gutierrez, que possui dupla cidadania, continua residindo em Madri, na Espanha, onde cumpre medidas cautelares impostas pela Justiça espanhola.
Gutierrez havia sido alvo da Operação Disclosure, conduzida pela Polícia Federal, que investiga um esquema de fraude contábil na Americanas, com prejuízos superiores a R$ 25 bilhões. O ex-CEO foi preso em Madri no final de junho, a pedido das autoridades brasileiras, mas foi liberado no dia seguinte após prestar depoimento e concordar com as condições impostas pela Justiça local, como a entrega do passaporte e a proibição de deixar o país.
A prisão preventiva de Gutierrez havia sido decretada pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro sob a alegação de risco de fuga, uma vez que ele deixou o Brasil quase um ano antes de qualquer medida judicial. No entanto, ao analisar o pedido de habeas corpus, o desembargador Flávio Lucas, relator do caso no TRF2, considerou que não havia indícios de tentativa de fuga por parte do executivo.
O relator destacou que Gutierrez sempre esteve à disposição das autoridades, inclusive participando de depoimentos por videoconferência com a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “Não se pode afirmar que houve 'fuga' do paciente [réu], visto que saiu do país quando não vigorava qualquer medida judicial que o impedisse”, argumentou o magistrado.
Flávio Lucas também ressaltou que a Justiça brasileira não pode decretar prisão preventiva apenas para forçar o retorno de um investigado que reside no exterior, especialmente quando este tem endereço conhecido e cumpre com as medidas impostas pela Justiça. Essa mesma fundamentação foi utilizada anteriormente para revogar a prisão de outra investigada na Operação Disclosure, Anna Cristina Ramos Saicali, ex-diretora da Americanas, que estava em Portugal.
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Fonte: Agência Brasil