Relatório da PF aponta Bolsonaro no centro de articulações para golpe

O ex-presidente é citado 535 vezes em um relatório de 884 páginas

Por Redação do Portal AZ,

Um relatório de 884 páginas produzido pela Polícia Federal (PF) apontou o ex-presidente Jair Bolsonaro como principal articulador de uma tentativa de golpe de Estado planejada no Brasil entre 2021 e 2022. Segundo as investigações, o ex-presidente foi peça central no esquema, tendo elaborado uma minuta de decreto golpista, realizado reuniões com comandantes das Forças Armadas para obter apoio e articulado um plano de fuga, caso a investida contra o Estado Democrático de Direito fracassasse.

Foto: Reprodução/InstagramBolsonaro em entrevista à revista Veja
Bolsonaro em entrevista à revista Veja

O documento cita Bolsonaro 535 vezes e aponta encontros realizados no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada. Nessas ocasiões, o ex-presidente teria discutido estratégias para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin, mudar a composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e se manter no poder até convocar novas eleições.

Uma minuta escrita à mão foi encontrada na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, sobre a mesa de um assessor do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. O texto detalhava medidas para impedir a posse de Lula e fazia referência ao artigo 142 da Constituição, que trata do papel das Forças Armadas.

Minuta e plano de ação

A minuta apreendida previa a decretação de Estado de Defesa no âmbito do TSE, a criação de uma Comissão de Regularidade Eleitoral e até a prisão de autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, Bolsonaro teria alterado o texto, retirando algumas dessas medidas.

Ainda segundo a PF, no dia 6 de dezembro de 2022, Bolsonaro se reuniu com o então ajudante de ordens, Mauro Cid, e outros militares para discutir mudanças no documento. No dia seguinte, apresentou a versão final aos comandantes das Forças Armadas. O almirante Almir Garnier, chefe da Marinha, teria colocado suas tropas à disposição. Já os comandantes do Exército e da Força Aérea recusaram apoio ao plano.

Com a recusa, Bolsonaro teria buscado o apoio do general Estevam Theóphilo, que aceitou participar da empreitada. O militar foi indiciado junto a outros 36 investigados.

Documentos recuperados e indícios de articulação

Além da minuta, o relatório traz mensagens recuperadas, áudios, slides e cronogramas que detalham as ações planejadas pelos envolvidos. A investigação revelou ainda uma carta escrita por militares para convencer a população e o alto escalão das Forças Armadas a apoiar o golpe, alegando fraudes eleitorais e instabilidade política.

Fonte: Com informações do Correio Braziliense

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