Brasil é o país que mais mata pessoas trans, com 105 mortes registradas em 2024
A Região Nordeste é a mais afetada, concentrando 38% dos casos; a maioria das vítimas eram mulheres trans ou travestis
Com 105 mortes registradas em 2024, o Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans no mundo, ocupando essa posição há 17 anos consecutivos. Os dados são do dossiê intitulado "Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024", produzido pela Rede Trans Brasil, que será lançado oficialmente no próximo dia 29.

Apesar da redução de 14 assassinatos em relação ao ano anterior, a violência contra a população trans permanece alarmante. A Região Nordeste é a mais afetada, concentrando 38% dos casos, seguida pela Região Sudeste com 33% e o Centro-Oeste com 12,6%. São Paulo lidera em números absolutos, com 17 assassinatos.
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Isabella Santorinne, secretária adjunta de Comunicação da Rede Trans Brasil, comentou sobre a situação. “A queda no número de mortes de pessoas trans em relação a 2023 é um pequeno alívio, mas não podemos ignorar que elas ainda acontecem. Isso reflete como o Brasil está em um processo lento e desigual de mudança. Apesar de avanços em debates públicos e de maior visibilidade, a violência e o preconceito ainda são uma realidade para muitas pessoas trans. Essa trajetória mostra que, embora existam sinais de progresso, a luta está longe de acabar”.
Globalmente, o número de assassinatos de pessoas trans atingiu um recorde em 2024, com 350 casos, sendo que a América Latina e o Caribe respondem por cerca de 70% das mortes, totalizando 255. O Brasil, com 106 mortes, lidera esse ranking, seguido pelo México e Colômbia.
O perfil das vítimas revela que 93,3% eram mulheres trans ou travestis, com a maioria entre 26 e 35 anos. A violência geralmente se manifestou em forma de homicídios por arma de fogo e facadas, frequentemente ocorrendo em vias públicas ou nas residências das vítimas.
O dossiê também destaca a importância da cobertura midiática correta dos casos. Em 2023, 93,3% dos casos respeitaram os nomes das vítimas, enquanto 6,7% utilizaram o nome anterior à transição de gênero.
Isabella enfatiza a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para proteger a população trans, apontando que “Faltam políticas públicas voltadas para a proteção de pessoas trans. Embora existam iniciativas pontuais, elas são insuficientes diante do cenário de exclusão e violência que a população trans enfrenta. É urgente criar ações que promovam educação inclusiva, empregabilidade, acesso à saúde e segurança, além de garantir que crimes transfóbicos sejam devidamente investigados e punidos. Sem políticas públicas eficazes, a luta pela sobrevivência e dignidade continua sendo uma batalha diária para pessoas trans no Brasil”.
A falta de ações estruturadas para garantir segurança, saúde e empregabilidade para pessoas trans perpetua um cenário de exclusão e violência.
Fonte: Agência Brasil