EDITORIAL — O silêncio cúmplice de quem sabia e nada fez

O escândalo bilionário do INSS que Lula herdou, alimentou e fingiu combater

Por Redação do Portal AZ,

O que começou como um sussurro de irregularidade sob a tecnocracia obscura do governo Dilma Rousseff em 2016, hoje grita como escândalo nacional de proporções bilionárias. O caso dos descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas revela não apenas a dimensão de um esquema sistemático de extorsão institucionalizada, mas também a complacência calculada de um governo que sabia — e mesmo assim preferiu não agir.

Foto: Portal AZLula brinca de presidir, o povo brinca de confiar
Lula brinca de presidir, o povo brinca de confiar

A falácia do “governo da reconstrução” cai por terra quando se observa que, sob Lula, o esquema não apenas persistiu como explodiu. Dos R$ 6,3 bilhões estimados como desviados entre 2019 e 2024, 64% (R$ 4,1 bilhões) ocorreram justamente entre 2023 e 2024. Fala-se em mais de R$ 90 bilhões.

Coincidência? Improbabilidade estatística. O que se vê é um rastro de omissão, leniência e, talvez, conveniência política.

Wellington Dias, ministro da Assistência Social e por isso mesmo investido do dever moral de cuidar dos mais pobres, participou de 8 das 15 reuniões com os sindicatos investigados, mantém até agora o silêncio e sua única ação foi o corte de R$ 7,7 bilhões, não de órgãos corruptos, mas dos programas sociais.

Carlos Lupi, então ministro da Previdência e fiador político de Alessandro Stefanutto, presidente do INSS até sua queda, foi alertado oficialmente sobre os abusos ainda em junho de 2023. E o que fez? Discurso, promessas, nenhum ato concreto e cegou-se sistematicamente diante das informações que se tinha, informou atas das reuniões. O alerta virou omissão; a omissão virou complacência.

Quando a Polícia Federal chegou, tarde demais para os aposentados, cedo demais para o governo, Lula trocou os nomes, demitiu Lupi e Stefanutto, posou de faxineiro ético e declarou que “desmontou o esquema”. Não desmontou nada. Foi desmontado pela pressão pública e pela polícia.

É de uma desfaçatez exemplar o Planalto tentar terceirizar a culpa ao governo Bolsonaro — como se um crime que triplica sob nova gestão não pudesse ser atribuído à sua negligência.

Pior, pois enquanto a CGU identificava que 97% dos entrevistados nunca autorizaram os descontos, o INSS, sob Lula, dispensava exigências de biometria facial justamente para entidades como o Sindnapi, cujo vice-presidente é ninguém menos que Frei Chico, irmão do presidente.

Não há (ainda) provas de envolvimento direto de Frei Chico no esquema. Mas há indícios, aproximações perigosas, benefícios indiretos. E há o silêncio. Um silêncio ensurdecedor, que começou em junho de 2023 e persistiu até abril de 2025, quando já não era mais possível manter a tampa sobre a panela de pressão que estourava. Governar é tomar decisões — e não postergar as explosões.

A defesa de Lula, ao culpar o passado, ignora um princípio básico da responsabilidade pública, aquele em quem assume o governo assume também os problemas herdados — para resolvê-los, não para cultivá-los.

A fraude não começou sob Lula, é verdade. Mas foi sob sua gestão que ganhou musculatura, proteção institucional e, sobretudo, imunidade política, até que a crise se tornasse incontornável.

Mais do que um escândalo contábil, trata-se de um escândalo moral. O alvo do golpe não foi o Tesouro Nacional ou as grandes corporações: foram aposentados humildes, pensionistas desassistidos, brasileiros que confiaram no Estado para receber o que lhes é de direito. E foram traídos por um governo que se dizia popular, mas que permitiu que sindicatos de fachada lhes arrancassem mensalmente o pouco que têm, em nome de uma burocracia sindical infestada de vícios, compadrio e aparelhamento.

Agora, com a popularidade em queda e a pressão por uma CPI batendo à porta do Congresso, o governo Lula tenta demonstrar diligência tardia: trocas de comando, promessas de ressarcimento, reuniões com a Dataprev. Mas nenhuma dessas medidas apaga o fato de que o Palácio do Planalto sabia — e silenciou. Quando se trata de aposentados, silêncio custa caro. Silêncio também é crime.

Este escândalo não é um ponto fora da curva: é a repetição de uma fórmula já conhecida na política petista — inércia cúmplice enquanto o esquema rende; faxina moralista quando a imprensa descobre; narrativa revisionista para enganar incautos. Agora, o governo diz querer devolver os valores aos aposentados. O problema é que confiança não se devolve com dinheiro. Confiança se constrói com ação — e essa o governo Lula recusou-se a tomar quando ainda havia tempo.

Mais do que um escândalo do INSS, o que temos é o escândalo do cinismo institucionalizado e, cinismo o governo tem de sobra.

Fonte: Portal AZ

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