Ex-diretor da PRF assume blitz no nordeste, mas nega fiscalização de eleitores

Djairlon Moura afirmou ao STF que blitz visavam checar irregularidades em veículos

Por Carlos Sousa,

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (27), o ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, negou que as fiscalizações realizadas no dia do segundo turno das eleições de 2022 tenham tido como alvo o transporte de eleitores. Segundo ele, o objetivo das abordagens era verificar irregularidades nos veículos, como falhas técnicas ou documentação vencida.

Foto: ReproduçãoPRF

“Em momento algum foi fiscalizado o serviço de transporte, se ele estava autorizado ou não a fazer o transporte de eleitores”, declarou Moura, que depôs como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, réu no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após a eleição presidencial de 2022.

O ex-diretor destacou que, na maioria dos casos, as abordagens foram breves:

“Em mais de 60% [dos casos], não se demorou mais que 15 minutos para liberá-los. Então, as fiscalizações foram feitas para verificar as condições do veículo”, afirmou.

Blitz antes das eleições

Djairlon Moura confirmou que recebeu orientação direta de Anderson Torres para realizar operações com foco em ônibus que saíam de São Paulo e do Centro-Oeste com destino ao Nordeste, entre os dias 21 e 27 de outubro, ou seja, antes do segundo turno, ocorrido em 30 de outubro de 2022.

De acordo com Moura, havia suspeitas de transporte irregular de eleitores e movimentação de recursos financeiros não declarados, o que teria motivado a operação.

“Antes da eleição foi solicitado que se fizesse uma operação dos ônibus que estavam saindo de SP e da região do Centro-Oeste com destino final o Nordeste, com possíveis votantes e recursos financeiros que já estavam sendo investigados pela Polícia Federal. Isso ocorreu entre os dias 21 e 27 de outubro, então a operação acabou bem antes do período das eleições”, relatou.

O ex-diretor reiterou que essas ações estavam relacionadas a investigações em curso da Polícia Federal, e não teriam tido relação direta com a tentativa de interferir no processo eleitoral.

Audiências seguem no STF

O depoimento de Djairlon Moura faz parte da sequência de oitivas iniciadas na segunda-feira (26) pela Primeira Turma do STF, como parte do processo que investiga uma possível tentativa de subverter o resultado das eleições presidenciais de 2022.

Ao todo, mais de 50 testemunhas devem ser ouvidas nesta etapa, incluindo 26 indicadas pela defesa do ex-ministro Anderson Torres, que está entre os principais investigados.

As audiências seguem até sexta-feira (30) e incluem depoimentos de ex-ministros e outros membros da alta cúpula do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As investigações continuam com foco em apurar se houve abuso de poder, omissão ou articulação intencional com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Fonte: CNN Brasil

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