Exclusivo: Ambientalistas flagram despejo irregular de chorume em Teresina
Tratamento está parado, lagoas estão cheias e chorume foi lançado em solo sem impermeabilização
O sistema de tratamento está parado, lagoas estão cheias e o resíduo tóxico foi flagrado sendo bombeado para áreas sem impermeabilização.

Imagens obtidas de forma exclusiva com o auxílio de drone revelam uma nova e grave ocorrência de crime ambiental no Aterro Controlado de Teresina.
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O vídeo mostra o despejo de chorume — líquido altamente tóxico resultante da decomposição do lixo — sendo lançado diretamente no solo, sem nenhum tipo de contenção ou impermeabilização, em total desrespeito às normas ambientais.
Apesar de haver no local um sistema de tratamento de chorume, a estrutura encontra-se parada. Com as lagoas de contenção já cheias, a Prefeitura de Teresina, através de empresa contratada para gerenciar o aterro, optou por bombear o chorume diretamente para áreas expostas, contaminando o solo e colocando em risco os lençóis freáticos e, potencialmente, o Rio Poti.
A Prefeitura de Teresina paga milhões anualmente para tratar este líquido tóxico, mas é de se estranhar que vão pagar por algo que não está sendo tratado. Como funciona a fiscalização deste tratamento?
Não é a primeira vez que a capital do Piauí é alvo de denúncias envolvendo a má gestão do aterro sanitário. Em 2022, o lançamento irregular de chorume no Rio Poti foi denunciado ao Ministério Público Federal, dando origem à Notícia de Fato nº 1.27.000.001413/2024-98, instaurada após representação. O caso está sob responsabilidade do delegado federal Reinaldo Camelo de Carvalho.
O problema vem desde a época onde a empresa responsável era a Litucera, também contratada pela Prefeitura de Teresina, e operava com a licença de operação nº D000577/21 - 000357/21, expedida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR-PI). A denúncia indicava que, além do despejo ilegal, havia violação dos termos da licença ambiental.
Agora, com novas imagens e evidências de que o problema persiste, muda-se o nome da empresa, mas não o padrão de negligência. A prefeitura é a gestora do aterro, atua com autorização da SEMAR, e que continua falhando na fiscalização e no cumprimento das condições mínimas de operação ambiental.
Especialistas alertam que o chorume contém metais pesados, bactérias e compostos orgânicos altamente prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana. Quando lançado em áreas sem isolamento adequado, ele infiltra no solo e pode atingir o lençol freático, comprometendo a qualidade da água e impactando diretamente o ecossistema da região.
Até o momento, nenhuma ação efetiva foi tomada pelo poder público municipal ou estadual para conter o avanço do problema. A Prefeitura de Teresina não se pronunciou oficialmente sobre as imagens. Já a SEMAR, responsável pela licença de operação do aterro, também permanece em silêncio.
Diante da reincidência, o Ministério Público Federal poderá desarquivar ou requalificar a Notícia de Fato e transformá-la em inquérito civil ou ação penal pública, a depender da análise das novas provas reunidas.
Enquanto isso, o chorume segue escorrendo — e a natureza, mais uma vez, pagando a conta da omissão.
O Portal AZ tentou contato com a Eturb (Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano), responsável da prefeitura pelo Aterro Sanitário, com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado e com a Recicle, empresa responsável pelo Aterro, mas até o fechamento da matéria não obteve resposta.
Fonte: Portal AZ