Ocultismo e drogas: entenda detalhes da morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido
Investigação da morte acabou revelando uma espécie de ‘seita’ onde a família induzia à filha ao uso de entorpecentes em rituais
A morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, desencadeou uma série de revelações perturbadoras. Na manhã de terça-feira (28), Djidja, de 32 anos, foi encontrada morta em sua casa no bairro Cidade Nova, em Manaus, por um primo. O que inicialmente parecia uma tragédia pessoal rapidamente se transformou em um caso policial, envolvendo denúncias de tráfico de drogas, abusos e práticas ocultistas.

Logo após anúncio de sua morte, denúncias contra a família de Djidja começaram a surgir na internet e culminaram na exposição de um ambiente de ocultismo, onde a matriarca da família supostamente utilizava drogas para promover rituais onde as vítimas ficavam sedadas e vulneráveis. A própria filha estaria drogada há meses e outras vítimas teriam até sofrido abuso sexual durante as sessões regadas a entorpecentes. A Polícia Civil investiga o caso para confirmar as versões.
- Participe do nosso grupo de WhatsApp
- Participe do nosso grupo de Telegram
- Confira os jogos e classificação dos principais campeonatos

As denúncias de abuso começaram a surgir de familiares próximos. Cleomar Cardoso, tia de Djidja, usou as redes sociais para descrever a casa onde Djidja vivia como uma "cracolândia", um lugar onde drogas eram consumidas abertamente. Cleomar acusou a mãe e o irmão de Djidja de impedir repetidas tentativas de interná-la para tratamento. Segundo ela, a situação dentro da casa era caótica, com drogas sendo usadas de forma constante e nenhuma assistência sendo oferecida à vítima.

Investigação policial revelou a existência de um grupo denominado "Pai, Mãe, Vida", descrito como uma seita que promovia o uso de ketamina, um anestésico com propriedades alucinógenas. O grupo misturava elementos de várias religiões para justificar o uso de drogas durante rituais. Os depoimentos coletados pela polícia revelaram que membros do grupo "Pai, Mãe, Vida" eram forçados a consumir as drogas durante rituais. Alguns depoimentos mencionaram ainda que as vítimas foram submetidas a violência sexual e uma delas teria sido obrigada a praticar um aborto.

A ketamina, droga central nas atividades do grupo, é conhecida por causar efeitos alucinógenos e eufóricos. O grupo também fazia uso de outros alucinógenos e de maconha.
Em um dos depoimentos à polícia, uma ex-namorada de Ademar relatou ter sido forçada a usar ketamina e potenay, medicamentos veterinários, com ele e sua mãe, Cleusimar. Ela também afirmou que foi abusada sexualmente por Ademar enquanto estava sob o efeito das drogas.
A mãe, o irmão de Djidja e três funcionários do salão La Femme já foram detidos pela Polícia Civil após mandados de busca e apreensão na casa da família e nos salões. Entorpecentes foram encontrados em todos os locais.
Prisões e Apreensões
Na tarde de quinta-feira (30), a polícia prendeu Cleusimar, Ademar e Verônica da Costa Seixas, uma funcionária do salão. Marlisson Vasconcelos Dantas e Claudiele Santos da Silva, outros dois funcionários, foram presos posteriormente.

Durante as prisões, a polícia apreendeu uma mochila contendo drogas. Em buscas subsequentes nos salões de beleza da família e em uma clínica veterinária, os investigadores encontraram ketamina, ampolas e seringas.
Segundo a investigação, os funcionários Verônica, Marlisson e Claudiele estavam envolvidos na compra, distribuição e aplicação da droga. A Justiça do Amazonas expediu mandados de prisão preventiva contra os acusados por crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e estupro, especialmente contra Ademar, irmão de Djidja.
Fonte: Com informações do G1/AM