Ex-gestor da Strans diz que transporte público de Teresina começou a ter prejuízos em 2015
Carlos Daniel e Weldon Bandeira foram ouvidos hoje na CPI da Câmara
O ex-superintendente municipal de Trânsito (Strans), Carlos Daniel, que autou entre 2014 e 2019 na gestão do Transporte Coletivo de Teresina, afirmou que o sistema começou a ter perdas em 2015, quando houve o agravamento da crise econômica no país. As declarações foram dadas durante a oitiva da CPI do Transporte Público, realizada nesta terça-feira(15), na Câmara de Vereadores.
“Com o agravamento da crise econômica houve um aumento no índice de desemprego, com isso teve a redução de pessoas, no caso trabalhadores, que utilizavam o transporte público. Com a queda de passageiros o sistema entrou em desequilíbrio. Quando começou a operar em janeiro de 2015, tínhamos uma previsão de pessoas porque o estudo da empresa especializada, realizada em 2014, se baseou na quantidade de passageiros, estudantes, e o sistema foi dimensionado com aproximadamente 400 ônibus para rodar em Teresina, com cerca de cinco milhões de passageiros por mês. Isso para sustentar o sistema. E tudo isso feito antes da minha gestão”, explicou.
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Carlos Daniel,ex-superintendente municipal de Trânsito (Foto:Reprodução)
Em relação ao subsídio da prefeitura, o ex-gestor explicou que como houve a queda de cerca de um milhão de passageiros foi necessário a gestão arcar com os prejuízos. “Com a redução um milhão de passageiros houve um compromisso que a prefeitura teria que assumir o pagamento dos subsídios", disse.
O ex-superintendente do Strans explicou que não houve ilegalidade ao autorizar a empresa Premium (Consórcio Poty), a atuar no sistema de transporte da capital. Segundo Carlos Daniel, o sistema era ineficaz para atender a zona Norte de Teresina e mesmo com o reforço da empresa Cidade Verde, que foi contratada para atuar na zona Leste, não foi possível sanar as dificuldades.
“O consórcio da zona Norte teve muitas dificuldades. Houve um momento que a empresa Cidade Verde foi contratada pela zona Leste e entrou no consórcio da zona Norte para ajudar, mas tudo com o aval da Strans. Então a empresa é da zona Leste e passou a ajudar o consórcio Poty e mesmo assim a deficiência continuava, então eles solicitaram, que mais dez carros novos entrassem no sistema, que soubemos depois que eram de outra empresa. Mas pelo mesmo motivo que consentimos a Cidade Verde entrar, autorizamos essa empresa participar do consórcio, mas dentro da legalidade”, explicou;
Ele ainda destacou que a Strans não sabia que os dez novos ônibus que estavam atuando na zona Norte eram de outra empresa, até os carros serem tirados de circulação por falta de repasse. “Depois que o cara tirou os ônibus, porque o próprio consórcio não pagou esse rapaz, que era tipo um aluguel, foi que convocamos o consórcio e pedimos uma solução imediata e a empresa Transcol para colocar ônibus na zona Norte”, conta.
Para o presidente da CPI, vereador Dudu, houve ilegalidade por parte do consórcio Poty ao colocar uma empresa para atuar no sistema sem conhecimento da Strans. Mas Carlos Daneil rebateu afirmando que a empresa teria alugado os ônibus para rodar pelas empresas do consórcio Poty.
"Ele alugava os ônibus, mas empresas não pagaram o aluguel. Ele não fez ilícito. O que houve foi que uma parte não pagou. Quando aconteceu isso, a empresa disse que só iria operar se fosse legalizado. Eles entraram oficialmente na Strans e pediram para entrar de forma legal em 2018", disse Carlos Daniel.
Weldon Bandeira em depoimento à CPI (Foto: divulgação)
Já o Weldon Bandeira, que esteve à frente da Strans entre 2019 e 2020, defendeu que o sistema precisa ser redimensionado, levando em conta a demanda atual. “Sem o subsídio o sistema não se mantém. Precisaríamos passar por um aumento de tarifa, o que não é adequado neste momento de crise sanitária e econômica, quem sofreria a consequência direta com a falta de repasses por parte do poder público seria o usuário do sistema. Precisamos retornar ao patamar de passageiros, reduzir custos e repensar a forma de circulação dos ônibus para salvar o sistema”, pontuou.
Segundo o presidente da CPI, vereador Dudu Borges, a apuração continua e tudo indica que algém será responsabilizado. “Estamos numa crise econômica, precisando do transporte público para alavancar a economia, mas o que temos é um sistema que humilha a sociedade e os trabalhadores. Não podemos permitir que isso continue. Tudo indica que teremos que responsabilizar alguém na execução dessa licitação, mas continuaremos a apuração. Estamos há pouco mais de um mês apurando e dando celeridade para propor algo definitivo”, concluiu.