Marina Silva enfrenta ataques misóginos e abandona audiência no Senado
Ministra do Meio Ambiente é desrespeitada por senadores durante discussão sobre licenciamento
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo de ataques misóginos durante uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, ocorrida nesta terça-feira. A situação se agravou após o senador Plínio Valério (PSDB-AM) declarar que "a mulher merece respeito, a ministra, não", levando Marina a decidir deixar a sessão. Ela havia sido convidada para discutir unidades de conservação na Margem Equatorial, mas sua fala foi cerceada em meio a ofensas e desrespeito por parte dos senadores presentes.
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Após a audiência, Marina explicou sua saída, afirmando que não poderia permanecer em um ambiente onde foi desrespeitada. “Como pessoas que não respeitam a democracia, não respeitam as mulheres, não respeitam os indígenas, não respeitam o povo preto, não são afeitas a pedir desculpas”, destacou. O mesmo senador, Plínio Valério, já havia feito declarações agressivas anteriormente, insinuando que, em outro contexto, teria vontade de "enforcá-la", evidenciando um padrão de desrespeito e misoginia.
Durante a audiência, Marina também enfrentou ataques do presidente da comissão, Marcos Rogério (PL-RO), que frequentemente cortou seu microfone e a mandou "se pôr em seu lugar". A ministra reagiu, afirmando que não era uma mulher submissa. Os senadores Eliziane Gama (PSD-MA) e Rogério Carvalho (PT-SE) foram os únicos da base aliada a defender Marina, acusando Rogério de misoginia. A discussão se intensificou ainda mais quando Marina contestou as declarações do senador Omar Aziz (PSD-AM), que a responsabilizou pela aprovação de um projeto de lei que afrouxa as regras de licenciamento ambiental.
Na saída da sessão, Marina enfatizou que os ataques que ela sofreu não são apenas direcionados a uma pessoa, mas sim a um povo e ao futuro das gerações. Ela criticou a tentativa de retroceder nas leis ambientais, afirmando que o licenciamento ambiental é uma conquista da sociedade brasileira. Após o tumulto, a ministra se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para discutir o novo relatório sobre o licenciamento ambiental, solicitando mais tempo para uma análise detalhada do texto, que considera um esvaziamento dos órgãos responsáveis. Motta se mostrou acolhedor e se comprometeu a ouvir todos os setores antes de tomar decisões.
Fonte: Correio Braziliense