Big techs favorecem cassinos ilegais em detrimento a bets legalizadas

Cassinos ilegais aparecem em apps, no Google e no YouTube, mas há bloqueio a operadoras legais na Play Store.

Por Direto da Redação,
Foto: Fernando Frazão/Agência BrasilDivulgação
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O setor de apostas no Brasil enfrenta uma situação curiosa: enquanto operadoras licenciadas sofrem com a perda de visibilidade online e obstáculos impostos pelas big techs, plataformas como Google e Meta dão exposição a cassinos ilegais. 

Um artigo no Poder360 indica que, na loja de aplicativos do Google, a Play Store, há diversos aplicativos que se passam por “cassinos sociais” — jogos projetados para simular apostas, mas sem movimentação de dinheiro — porém usando a mesma mecânica de slots verdadeiros, como o Fortune Tiger, ou “jogo do tigrinho”. 

Muitos desses apps já ultrapassaram a marca de 10 milhões de downloads, e são monetizados por meio de microtransações, com as quais o Google pode lucrar de 15% a 30%. A popularidade dos slots no Brasil está por trás desse números, com a categoria respondendo por mais de 90% do volume de aposta, segundo dados do cassino de uma bet legalizada. 

No YouTube, a prática se repete. A plataforma exibe vídeos, transmissões ao vivo e anúncios de sites ilegais de apostas. São frequentes as propagandas relacionadas ao Fortune Tiger, frequentemente com promessas infundadas de lucros rápidos. A maior parte desses sites não possui domínio “bet.br”, obrigatório para operar legalmente no país. 

A situação contrasta com a situação das operadoras legalizadas. Podendo operar desde janeiro de maneira regulamentada, as bets não têm aplicativos nas lojas de aplicativos oficiais. Apesar da atualização das políticas do Google Ads em setembro de 2024, que exige certificação do Ministério da Fazenda, os anúncios de sites sem licença continuam a circular. O Google afirma que atua quando detecta violações.

Bets legais são penalizadas na busca do Google 

Ao mesmo tempo que sites ilegais anunciam online, as bets legais perdem espaço. Estudo da ENV Media revelou que, após a migração obrigatória para o domínio “bet.br”, as operadoras licenciadas perderam 79% do acesso proveniente do Google.

Segundo o relatório, o algoritmo do Google restringe os domínios com final “bet.br” a apenas duas posições por página de resultados, enquanto sites ilegais — geralmente com terminações “.com” — continuam aparecendo com destaque no topo da página de resultados. Essa distorção pode ter efeitos financeiros sérios: o estudo estima que as operadoras legais sofrem prejuízos mensais superiores a R$ 575 mil apenas pela perda de visibilidade.

Regulamentação de cassinos online

O novo marco regulatório para apostas esportivas e cassinos online no Brasil, que entrou em vigor em janeiro de 2024, estabelece diversas exigências para as plataformas licenciadas. Entre elas, estão o uso de reconhecimento facial no cadastro de usuários, limite máximo de 120 minutos para a conclusão de saques, além de certificações de segurança e de práticas de jogo responsável. As plataformas também devem pagar impostos e seguir regras de proteção ao consumidor.

O novo marco regulatório visa combater o vício em jogos, prevenir a lavagem de dinheiro e aumentar a arrecadação do governo. No entanto, o cenário atual favorece um mercado paralelo que drena impostos e coloca os consumidores em risco. Não por acaso, o governo bloqueou mais de 11 mil sites de apostas ilegais, segundo Ministério da Fazenda.

Sites de cassino offshore invadem páginas de órgão públicos

Desde o início do processo de legalização das apostas no Brasil, um dos obstáculos tem sido a atuação dos operadores ilegais. Técnicas de "cloaking", por exemplo, têm sido usadas para mascarar conteúdo de apostas dentro de domínios confiáveis, como universidades e órgãos públicos. Isso engana os algoritmos de busca, fazendo com que sites de cassino offshore apareçam com autoridade e relevância nos resultados do Google.

Segundo a ENV Media, uma simples busca por “Tigrinho + UFPE” exibia até 20 resultados relacionados a cassinos ilegais sob o domínio da Universidade Federal de Pernambuco. Essa prática, além de comprometer o mercado regulado, mina a confiança da população em sites oficiais e deixa os usuários vulneráveis a fraudes e malwares.

Fonte: Divulgação

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