As articulações de 2026?
Por Josenildo Melo
Já estão a todo vapor e o que mais se intensifica é uma possível mudança de lado? Certo mesmo é que *em O Príncipe, Maquiavel propõe que os seres humanos não são movidos pela razão – rejeitando tacitamente a antiga noção de virtude aristotélica -, mas pela paixão. Em seus discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio, Maquiavel sugere que devemos pressupor que “todos os homens são maus e que usarão sua malignidade mental toda vez que tiverem oportunidade”. A melhor maneira de garantir a liberdade dos seres humanos, portanto, é tratando a paixão com paixão: “Os desejos dos povos livres raramente são prejudiciais à liberdade, porque surgem da opressão ou da suspeita de que serão oprimidos. [...] As pessoas, embora ignorantes, compreendem a verdade, e elas prontamente cedem quando ouvem a verdade de um homem de confiança”. Maquiavel descartou, assim, a antiga procura por uma república utópica e desdenhou da alegação de que um Estado tornaria os homens virtuosos. Naturalmente, como aconteceu com Marsílio, a Igreja Católica o baniu, proibindo O Príncipe em 1559.
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E as articulações 2026? Políticos sábios tomam decisões baseados na História e na evolução de fatos e acontecimentos. Já perceberam as mudanças na programação do SBT? É bom ficar de olho, pois já é reflexo dos novos avanços do cristianismo. Vamos pra mais História? Depois de *O Príncipe, os problemas da Igreja Católica estavam apenas começando. A *ascensão do luteranismo desafiou o poder espiritual e temporal da Igreja. Lutero, em sua tentativa ferrenha de recuperar a Bíblia do que considerava a completa corrupção do papado,lutou para extirpar a hierarquia dos fieis, tornando todos meros indivíduos diante de Deus, capazes de compreender diretamente Sua Palavra: “Um sapateiro, um ferreiro, um fazendeiro, cada um tem sua ocupação manual e trabalho; e ao mesmo tempo, todos são elegíveis para atuar como padres e bispos”. Em busca dessa igualdade, Lutero descartou a noção de santuário da lei secular: “É intolerável que, no direito canônico, a liberdade, a pessoa e os bens do clero recebam essa isenção, como se os leigos não fossem tão espiritualizados e tão bons cristãos quanto eles, ou como se não pertencessem igualmente à Igreja”. A *tradução de Lutero da Bíblia para o alemão também colocou em prática a comunhão direta dos indivíduos com Deus, que ele pregava. Como escreve o professor de História Joseph Loconte, do King’s College: Lutero ofereceu mais do que uma teoria do empoderamento individual. Ele (Martinho Lutero) entregou uma declaração espiritual de direitos. É a bela História!
Mas o que tudo isso tem com as articulações 2026? O mundo político é pragmático e já detectaram alterações na religiosidade brasileira e piauiense. Nas eleições municipais de 2024 os evangélicos foram um peso considerável e decisivo. Não obstante, foi a fragmentação religiosa promovida por Lutero e Calvino e a devolução da autoridade individual decorrente que levaram a um verdadeiro movimento transnacional de afastamento do autoritarismo de governo. É História e contra fatos não tem achismo!
Josenildo Nascimento Melo é Bacharel em Serviço Social. Jornalista. Licenciado em Filosofia. *Informações de Bem Shapiro – O lado certo da História – AltaCult Editora.