Quem governa Teresina?
Quem governa Teresina?
O cientista político deve analisar e compreender os fenômenos da política real, os fatos, com ao menos dois requisitos essenciais em mente: a objetividade e imparcialidade. Qualquer estudioso da área de ciências humanas parte alguma perspectiva teórica, política ou filosófica. Porém, tal motivo não será óbice para exercitar sua função com zelo e seriedade.
As eleições de 2020, desde a pré-campanha, anunciavam a derrocada do grupo político que até então governara Teresina por mais de 3 (três) décadas. As causas das derrotas eram várias e leituras apontando o rumo do processo eleitoral foram descritas em artigos que circulei na internet na conjuntura eleitoral e política da época.
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A tendência foi de mudança! E, realmente, um novo grupo assume o poder público municipal. Mas, passados quase 15 (quinze) meses dum novo governo, qual avaliação pode-se fazer? Houve impactos positivos? Uma melhoria ou aperfeiçoamento na administração e formulação de projetos que realmente poderiam impactar na vida do cidadão teresinense de maneira qualitativa? A resposta é um taxativo NÃO.
O mais complexo de tudo, a grande incógnita, é saber QUEM GOVERNA Teresina. Não há coordenação ou centralização na rotina burocrática da prefeitura. Greves em escolas, paralisação dos transportes públicos e coletivos, obras paradas e, sobretudo, a “MEMEFICAÇÃO” da política. Na atual gestão, um caos administrativo e burocrático se instalou. Apenas para a imprensa dócil há governo e o mínimo de rotina administrativa.
O prefeito, legalmente eleito, quando interrogado sobre qualquer questão tergiversa de maneira escancarada fingindo nada saber no que tange aos problemas da cidade e apela para um nostalgismo burlesco: a culpa é das administrações anteriores, há preconceito com a maneira dele falar (qual mesmo é?), não fizeram em 30 (trinta anos), etc. No fundo, exibe uma total incompreensão de como administrar um orçamento público e não exerce comando nenhum sobre seu secretariado visando estabelecer algum tipo de prioridade.
Desconectado da realidade teresinense, o prefeito parece ter terceirizado a gestão. Sendo assim, o governo local foi sublocado e ilhas de comandos se espraiaram por todos os espaços públicos municipais. Não havendo nenhuma coordenação entre as secretarias e demais setores da burocracia da prefeitura, imperam o amadorismo e improviso. Fundamentalmente, a população vem sofrendo todas as consequências da ausência dum governo municipal.
O enigma, “que eu não saiba, eu não sei”, serve tão somente para exibir de maneira cristalina a total ausência dum modelo gestor. Nesse sentido, a famosa frase: “subdesenvolvimento não é obra de improviso e leva séculos para se montar”, retrata a cruel realidade política e administrativa em solo teresinense. Quem governa? “Quem”?
Cleber de Deus – Pós-Doutor em Ciência Política pelo Ibero Amerikanisches Institut – Berlin – Alemanha.