Amcham alerta Casa Branca sobre prejuízo econômico de aplicar tarifas ao Brasil
Câmara de Comércio Americana pede diálogo e destaca impactos negativos para empresas dos EUA
A Câmara Americana de Comércio (Amcham) enviou uma carta de 15 páginas ao Escritório de Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR) alertando o governo americano sobre os impactos negativos da imposição de tarifas adicionais ao Brasil. O documento, enviado na última terça-feira (11), foi obtido pela CNN e está endereçado ao chefe do USTR, Jamieson Greer, que recentemente iniciou negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o chanceler Mauro Vieira.

Na carta, a Amcham destaca que o Brasil foi responsável pelo terceiro maior superávit comercial dos Estados Unidos entre as economias do G20, lembrando que esse saldo positivo não se restringe apenas ao comércio de bens, mas também ao de serviços.
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Impacto econômico e apelo por diálogo
Segundo a entidade, os Estados Unidos acumularam um superávit de US$ 165,4 bilhões no comércio de serviços com o Brasil entre 2015 e 2024. O país é o 12º maior mercado para exportações americanas de serviços, abrangendo setores como tecnologia, produtos digitais, serviços financeiros, turismo e companhias aéreas.
Além disso, nos últimos dez anos, subsidiárias de multinacionais americanas no Brasil enviaram US$ 54,2 bilhões em lucros e dividendos aos EUA. A Amcham reforça que os EUA são o maior investidor estrangeiro no Brasil, com cerca de 3.900 companhias americanas operando no país em 2020, um crescimento de 1.000 empresas em cinco anos. Em 2023, os investimentos totais dos EUA no Brasil atingiram US$ 357,8 bilhões pelo critério de controlador de última instância.
A entidade faz um apelo ao governo americano para evitar medidas que possam deteriorar as relações comerciais e afetar as próprias empresas dos Estados Unidos. No documento, afirma que tarifas adicionais sobre o comércio bilateral prejudicariam os interesses das companhias americanas e enfraqueceriam os fluxos de comércio e investimentos.
Dados apresentados pela Amcham
A carta inclui 16 gráficos e tabelas com informações detalhadas sobre o comércio entre os dois países. Entre os dados apresentados, destacam-se:
- Multinacionais brasileiras operam em 23 estados americanos, com destaque para Flórida e Geórgia, onde pelo menos 100 empresas ou unidades de produção brasileiras geram 110 mil empregos.
- Empresas americanas lideraram os pedidos de registro de patentes no Brasil em 2023, com 7.700 solicitações ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Esse número supera até mesmo as empresas brasileiras (7.400 pedidos) e está muito acima dos registros feitos por companhias chinesas (1.700) ou alemãs (1.400).
- O Brasil está entre os países que não impõem controle de capital, permitindo a livre circulação de moeda estrangeira e uma taxa de câmbio flutuante, conforme dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
- O Brasil representou o quinto maior superávit de serviços do mundo para os Estados Unidos em 2023, somando US$ 21,8 bilhões, ficando atrás apenas de Irlanda, Canadá, China e Cingapura.
Tarifas e regimes aduaneiros especiais
Outro ponto enfatizado pela Amcham é o nível efetivo de tarifas praticado pelo Brasil. De acordo com a entidade, 73% dos produtos exportados pelos EUA para o Brasil entram no país com alíquota zero devido a regimes aduaneiros especiais. Entre esses produtos estão derivados de petróleo, carvão betuminoso, aviões e peças aeronáuticas, fertilizantes químicos e propano liquefeito.
Com base nesses dados, a Amcham reforça a necessidade de um diálogo estruturado e institucionalizado para avançar nas relações comerciais entre os dois países.
Fonte: CNN Brasil