Curta-metragem abordará impacto da ditadura militar brasileira nas crianças

Projeto em fase de busca de recursos promete trazer à tona histórias marcantes e traumáticas

Por Dominic Ferreira,

O diretor e roteirista Gustavo Amaral está trabalhando em um novo projeto que visa trazer à luz um aspecto muitas vezes negligenciado da ditadura militar brasileira: o impacto que esse período histórico teve nas crianças do país. Seu curta-metragem, intitulado "Câmbio, Desligo!", encontra-se atualmente em fase de captação de recursos, mas o tema já tirou o sono do idealizador e promete tocar fundo nas questões sensíveis desse período sombrio da história nacional.

Foto: Reprodução/Rovena Rosa/Agência BrasilCurta-metragem "Câmbio, desligo!"
Curta-metragem "Câmbio, Desligo!"

Ao pesquisar para o desenvolvimento do curta, Amaral se deparou com dois livros que o inspiraram profundamente: "Infância Roubada – Crianças Atingidas pela Ditadura Militar no Brasil" e "Cativeiro sem Fim: as Histórias dos Bebês, Crianças e Adolescentes Sequestrados Pela Ditadura Militar no Brasil". Ambos os livros trazem relatos perturbadores de indivíduos que sofreram diretamente com as violências do regime militar, incluindo casos de crianças separadas de seus pais, torturadas e até mesmo desaparecidas.

O projeto para o curta-metragem "Câmbio, Desligo!" já conquistou três importantes prêmios no festival Animarkt Stop Motion Forum, na Polônia, e está sendo desenvolvido em conjunto com as produtoras Cassandra Reis e Mariana Lopes. O filme contará a história de uma família que atravessa o país em busca de respostas após o pai desaparecer, enquanto uma das crianças, Luciano, acredita que seu pai foi abduzido por alienígenas, quando na verdade foram vítimas do regime militar.

A escolha pelo stop motion como técnica de animação para o curta-metragem não é apenas estética, mas também busca transmitir a profundidade e a complexidade das emoções envolvidas nas histórias retratadas. No entanto, o processo de produção é bastante trabalhoso, exigindo horas de dedicação para cada segundo de filme produzido.

O projeto, que conta com aprovação da Lei Rouanet e do Programa de Ação Cultural de fomento paulista (Proac), entra agora na fase de captação de recursos. Apesar das dificuldades esperadas, especialmente devido à natureza delicada do tema abordado, os criadores do curta-metragem esperam que o Brasil possa se inspirar em experiências de outros países que revisitam seus traumas históricos, reconhecendo a importância de não permitir que essas memórias caiam no esquecimento.

Fonte: Agência Brasil

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