Rodrigo Fagundes fala sobre estereótipos em papéis LGBTQIAPN+ na TV brasileira
Ator destaca evolução, desafios e importância da representatividade na dramaturgia
O ator Rodrigo Fagundes, conhecido pelo personagem Patrick de Zorra Total, que tinha o bordão “olha a faca”, e atualmente no ar como Gigi na novela Volta por Cima, tem explorado a evolução da representatividade LGBTQIAPN+ na televisão. Em entrevista recente, ele destacou como, por anos, personagens gays foram limitados a estereótipos cômicos, mas reconhece os avanços no tratamento do tema nas produções contemporâneas.
“Acho que os questionamentos sobre a representatividade e a aceitação de personagens gays na TV sempre existiu. Sua maioria vinha na forma do humor, o que talvez pudesse descredibilizar no que responde a sentimentos, relações amorosas etc. Fomos nichados e aceitos só para fazer graça. Hoje, vemos um avanço”, disse o ator.
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Fagundes relembrou o impacto de Patrick, um personagem afeminado que, apesar do tom humorístico, ajudou muitos jovens LGBTQIAPN+ a lidarem com a rejeição e o bullying. Ele reconhece, no entanto, que o humor do programa refletia um contexto cultural diferente, sendo alvo de críticas nos dias atuais. "No ‘Zorra’, procurei fazer o Patrick de forma leve e divertida. Ele sabia se defender e não deixava de ser daquele jeito por causa do bullying que sofria. Hoje, recebo muitas mensagens de meninos gays que na época eram zoados na escola, mas sabiam se defender porque o meu personagem os ajudou. Mas também existem aqueles que dizem que não gostavam e que atrapalhei a vida deles", ponderou.
Na novela atual, Gigi apresenta um contraste: o personagem é menos caricato, mais livre e ácido, com momentos de afetação que Fagundes interpreta com leveza. Inspirado por ícones como Bette Davis e Clodovil, ele descreve o papel como rico e desafiador. “São personagens bem diferentes. Esse tom de desenho animado exagerado do Patrick vinha desse tom de comédia que a peça e o ‘Zorra’ pediam. Gigi não tem nada de caricato. Ele é de verdade, livre e ácido. Tem seus momentos de afetação, que eu amo fazer, mas é de uma comunicação com o público que me deixou muito feliz”, comparou. “Desde a primeira semana da novela recebo nas ruas e redes sociais um carinho impressionante”, disse o ator, que também chamou atenção para a necessidade de maior profundidade nas narrativas LGBTQIAPN+ no audiovisual brasileiro.
Para Fagundes, abordar questões como relacionamentos, conflitos familiares e injustiças enfrentadas pela comunidade LGBTQIA+ é fundamental. Ele também destacou a falta de referências em sua juventude e como a arte, especialmente o teatro, foi um refúgio e uma inspiração. "E, por fim, a arte [me inspirou]. O teatro me fez entender muita coisa. Me salvou eu diria”. Fico feliz de poder inspirar quem me acompanha, de verdade. A referência que tenho vem do humor e do drama.”, concluiu.
Fonte: CNN Pop