Economista piauiense diz que mercado age com ‘burrice’ ante Lula
Para Velloso, o teto de gastos, instituído no governo Temer, após a derrubada da ex-presidente Dilma Roussef, não tem mais muita serventia
Entrevistado pela revista Veja, o economista Raul Velloso, piauiense de Parnaíba, e um dos maiores especialistas brasileiros em contas públicas, diz que “beiram a burrice” as reações do mercado aos primeiros sinais de Lula na área econômica.

Velloso lembra que Lula colocou Geraldo Alckmin e dois economistas ligados à feitura do Plano Real na equipe de transição e ainda assim a Faria Lima (o mercado) quer ver o teto de gastos, o que ele classifica como burrice dado o fato de que o teto seria uma inutilidade por ter nascido morto.
- Participe do nosso grupo de WhatsApp
- Participe do nosso grupo de Telegram
- Confira os jogos e classificação dos principais campeonatos
Para Velloso, o teto de gastos, instituído no governo Temer, após a derrubada da ex-presidente Dilma Roussef, não tem mais muita serventia como centro das discussões sobre a disciplina fiscal do novo governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Velloso diz que o teto, não passou de um “sonho de uma noite de verão”, “nasceu morto”, “acabou” – ainda que seja por causa desse texto que o governo Lula negocie a PEC da Transição para ser autorizado a gastar até R$ 200 bilhões além do previsto da proposta de orçamento da União para 2023.
Ao explicar as razões de considerar uma burrice a insistência do mercado no teto de gastos, Velloso afirma que “o orçamento público, o grosso dele, são itens que vão crescer de todo modo: Previdência, assistência social e pessoal. Se há uma situação assim e não se quer zerar rapidamente as despesas discricionárias, você tem de aceitar que não vai ter teto, a não ser por pouco tempo. Tanto é que o governo Bolsonaro tem quatro furadas no teto. Ainda hoje todo mundo acha que o teto existe e fica cobrando, é o que a Faria Lima faz. Não adiantou botar Alckmin, Persio Arida e André Lara Resende ao lado do Lula. Nunca é o bastante, e aí acho que tem a ver com burrice.”
Aliás, Velloso diz que a PEC da Transição deveria se chamar “PEC da Reorganização Orçamentária, de colocar no lugar coisas que tinham caído. Não importa que cumpra ou não teto, a Faria Lima vai ter de conviver com isso”.
Na avaliação de Velloso, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva está certo em não anunciar logo seu ministro da Fazenda, pois entende que se ele disser isso, “a coisa degringola, tudo passa a acontecer e girar em torno dessa escolha.”.
Fonte: Claudio Barros