Ex-PM Ronnie Lessa confessa assassinato de Marielle Franco
Em depoimento Lessa alegou que poderia lucrar R$ 100 milhões com o crime
O ex-policial militar Ronnie Lessa confessou os assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes em uma delação gravada e veiculada no programa Fantástico, da TV Globo, no domingo (26). Em seu depoimento, Lessa revelou detalhes chocantes sobre o crime, incluindo a alegação de que poderia lucrar R$ 100 milhões com o assassinato.
Lessa afirmou que os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão, deputado federal, foram os mandantes do crime. Segundo o ex-PM, os irmãos ofereceram a ele e a um comparsa, o também ex-PM Edmilson de Oliveira, conhecido como Macalé (assassinado em 2021), um loteamento clandestino na zona oeste do Rio de Janeiro como forma de pagamento.
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De acordo com Lessa, Marielle Franco foi assassinada porque estava atrapalhando os planos dos irmãos Brazão relacionados ao loteamento clandestino. Ele afirmou que Marielle havia convocado reuniões com lideranças comunitárias em Jacarepaguá para discutir a adesão a novos loteamentos da milícia, o que incomodou os Brazão. "A Marielle vai atrapalhar e nós vamos seguir isso aí. Para isso, ela tem que sair do caminho", teria dito Domingos Brazão, segundo Lessa.
Lessa explicou que o loteamento clandestino oferecido como pagamento incluiria a exploração de serviços como "gatonet", venda de gás e transporte de moradores. Ele estimou que os lucros desse empreendimento poderiam alcançar R$ 100 milhões. "Era muito dinheiro envolvido. Na época, ele falou em R$ 100 milhões que, realmente, as contas batem. R$ 100 milhões seria o lucro do loteamento", disse Lessa.
A delação de Ronnie Lessa foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em março deste ano. No entanto, a Polícia Federal (PF) não conseguiu comprovar que os encontros mencionados por Lessa entre ele e os irmãos Brazão realmente ocorreram.
A defesa de Domingos Brazão afirmou ao Fantástico que não existem elementos que sustentem a versão de Lessa e que não há provas da narrativa exposta. Os advogados de Chiquinho Brazão classificaram a delação como uma "desesperada criação mental na busca por benefícios", destacando contradições e inverdades na declaração de Lessa.
Ronnie Lessa, embora não tenha sido condenado, está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, desde dezembro de 2020. As investigações sobre o caso continuam, buscando esclarecer todos os detalhes e confirmar as acusações feitas pelo ex-PM.
Fonte: CNN Brasil