Freire Gomes confirma ao STF recusa em aderir ao golpe, mas nega voz de prisão

Depoimento contradiz declarações à Polícia Federal sobre o ex-presidente Bolsonaro

Por Dominic Ferreira,

O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu na última segunda-feira (19) o general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, em relação à tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022. Durante a audiência, Freire Gomes confirmou que participou de reuniões em que o ex-presidente Jair Bolsonaro discutiu um plano de ruptura democrática e assegurou que alertou o então presidente sobre a não adesão da Força ao conluio. No entanto, o general contradisse declarações anteriores feitas à Polícia Federal, ao afirmar que nunca deu voz de prisão a Bolsonaro.

Foto: ReproduçãoStf
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O ministro Alexandre de Moraes presidiu a audiência e não deixou passar a contradição nas falas de Freire Gomes. Moraes advertiu o general sobre a importância da clareza nas respostas e enfatizou a seriedade de mentir sob juramento. "Ou o senhor falseou a verdade à polícia, ou está falseando aqui", disse Moraes, exigindo responsabilidade nas informações apresentadas.

No depoimento, Freire Gomes esclareceu que Bolsonaro apresentou apenas informações sobre o plano golpista, sem solicitar opiniões dos presentes. Ele mencionou que o ex-presidente se referiu a um possível estado de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em um contexto superficial. O general destacou que sua intenção era apenas alertar Bolsonaro sobre os riscos do plano, sem se comprometer com qualquer ação ilegal. Além de Freire Gomes, outros testemunhos foram colhidos durante a audiência, incluindo de analistas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que relataram uma força-tarefa para mapear eleitores e uma proximidade excessiva da corporação com o governo Bolsonaro.

As investigações a respeito da tentativa de golpe continuam em andamento, e o depoimento de Freire Gomes se insere em um contexto mais amplo de apuração que envolve outros altos oficiais e ex-ministros do governo Bolsonaro. A audiência foi marcada por revelações que indicam um suposto desespero entre a cúpula do governo à época, buscando coletar informações sobre o eleitorado e implementando medidas que configuram tentativas de obstruir o processo democrático. O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, também estavam agendados para depor, mas suas audiências foram remarcadas ou dispensadas.

Fonte: Correio Braziliense

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