Após morte de Juliana Marins, Câmara avança em projeto de traslado de corpos

Projeto busca garantir traslado de brasileiros falecidos no exterior sem custos para famílias

Por Dominic Ferreira,

Após a trágica morte da brasileira Juliana Marins durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, um projeto de lei que propõe a gratuidade do traslado dos corpos de brasileiros natos ou naturalizados começou a avançar na Câmara dos Deputados. O deputado federal Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, designou a deputada Carla Dickson (União Brasil-RN) como relatora da proposta.

Foto: • Pedro França/Agência SenadoFachada do Palácio do Congresso Nacional, em Brasília• Pedro França/Agência Senado
Fachada do Palácio do Congresso Nacional, em Brasília.

O Projeto de Lei 3338/15, de autoria da deputada Geovania de Sá (PSDB-SC), estabelece que, em caso de falecimento de brasileiros no exterior, a União será responsável por todas as providências necessárias para o traslado de cadáveres ou restos mortais, especialmente se a pessoa falecida for reconhecidamente pobre. A votação do projeto está marcada para a próxima semana.

Foto: ReproduçãoJuliana Marins foi resgata já sem vida após quatro dias desaparecida em trilha de vulcão na Indonésia
Juliana Marins foi resgata já sem vida após quatro dias desaparecida em trilha de vulcão na Indonésia

Filipe Barros criticou a posição do Itamaraty, que afirmou que o custo do traslado é de responsabilidade da família. “O mesmo Itamaraty que mandou avião da FAB buscar uma ex-primeira-dama condenada por corrupção no Peru, agora nega ajuda à família de Juliana Marins”, destacou o deputado.

Em nota, o Itamaraty informou que, em caso de falecimento de cidadãos brasileiros no exterior, as embaixadas e consulados podem oferecer orientações gerais e auxiliar na expedição de documentos, mas ressaltaram que a decisão sobre o traslado dos restos mortais é da família e não pode ser custeada com recursos públicos, conforme estipulado no decreto 9.199/2017.

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, comprometeu-se a custear o traslado do corpo de Juliana da Indonésia para a cidade fluminense, onde ela será velada e sepultada. Juliana, natural de Niterói e publicitária, estava viajando pela Ásia desde fevereiro.

A morte de Juliana também gerou movimento em torno de outras iniciativas legislativas. O deputado federal Evair Melo (PP-ES) protocolou o Projeto de Lei 3.064/2025, que propõe a criação do Cadastro Nacional de Viagens de Risco. Este cadastro incluirá um aplicativo com botão de emergência georreferenciado e prevê apoio logístico e financeiro a brasileiros hospitalizados ou falecidos no exterior em situações vulneráveis.

A deputada Talíria Petrone está elaborando dois projetos de lei: um focado na regulação do turismo de aventura e outro sobre os procedimentos para o traslado de corpos de brasileiros no exterior, visando aliviar o sofrimento das famílias.

Em 2020, o ex-deputado federal Alexandre Frota já havia proposto a criação do Fundo Nacional de Apoio à Repatriação de Brasileiros no Exterior, com o objetivo de assegurar recursos para o transporte de brasileiros em situação de vulnerabilidade. No Senado, o senador Romário (PL-RJ) anunciou que irá apresentar a Lei Juliana Marins, permitindo que o governo custeie, em caráter excepcional, o traslado ou a cremação de brasileiros falecidos fora do país cujas famílias não têm condições de arcar com os custos.

Fonte: Correio Braziliense

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