Universidade Harvard comprou terras no Piauí, diz site antiagronegócio
Segundo a publicação, a instituição americana adquiriu 300 mil hectares de terras agricultáveis no Piauí e na Bahia
O site Brasil de Fato publicou reportagem na quinta-feira (06.07.18) informando que, de modo indireto, a Universidade de Harvard, um das melhores e mais caras do mundo, adquiriu 300 mil hectares de terras agricultáveis no Piauí e na Bahia. As áreas estão no cerrado, onde atualmente existe uma grande expansão de empresas agropecuárias produtoras de grãos.
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Fachada da universidade americana de Harvard (Foto: Divulgação)
De acordo com a reportagem, a Universidade teria burlado a legislação brasileira, que restringe a venda de terras a estrangeiros, usando seu fundo patrimonial para manter uma cadeia de negócios com empresas brasileiras e subsidiárias. Isso estaria denunciado em relatório da Grain e da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.
A Universidade americana se tornou uma das maiores proprietárias de terra no mundo (Foto: Divulgação)
Segundo o site, que se posiciona contra o avanço do agronegócio, “os 300 mil hectares de terras do fundo de Harvard – uma área maior que Luxemburgo como aponta a pesquisa – se concentram no sul do Piauí e oeste da Bahia, regiões onde apresentam intenso conflito fundiário”.
O site diz que o relatório citado em sua reportagem aponta que as aquisições de terras “violariam restrições jurídicas à propriedade estrangeira no Brasil, que limitam a quantidade de terra que uma empresa estrangeira pode adquirir em um município”.
Ainda de acordo com Brasil de Fato, entre 2008 até 2016, Harvard se tornou um dos maiores proprietários estrangeiros de terras aráveis do país. Contudo, “a compra do domínio não é feita de forma direta, envolvendo estruturas comercias nada transparentes, o que dificulta o caminho dessa verificação”.
O texto da reportagem informa, segundo a diretora da organização da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Maria Luísa Mendonça, “são criadas empresas que têm como única função serem instrumentos para negociar a compra de terras e explica como é construída essa cadeia”.
“São empresas brasileiras que são criadas para fazer a negociação com terras só que o fundo, o recurso para essa compra, vem de empresas estrangeiras. No caso o fundo de terras de Harvard ou outros fundos de pensão e muitas vezes essas empresas brasileiras e estrangeiras negociam ações ou outros produtos financeiros no mercado financeiro para burla a lei e dificultar o monitoramento de onde na verdade vem o recurso”.
O Brasil de Fato diz que a pesquisa ainda revela que a universidade adquiriu terras em várias partes do mundo como África do Sul, Rússia, Ucrânia, Nova Zelândia, Austrália e também nos Estados Unidos. O fundo patrimonial gastou em torno de US$ 1 bilhão para compra de terras em estimados 850.000 hectares de terras agrícolas espalhadas em escala global.
De acordo com as informações do site, “em menos de uma década Harvard conseguiu acumular um patrimônio que a tornou uma das maiores detentoras de terras agrícolas do mundo utilizando de mecanismos complexos do mercado financeiro”.
O site diz que no Brasil se observa que a compra de terras por fundos estrangeiros tem se concentrado na região de Matopiba, que engloba as divisas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, área de expansão do agronegócio para a monocultura de commodities como mostra em outras reportagens feitas pelo Brasil de Fato.
Contudo, Mendonça pontua que grande parte das terras serve apenas para fins especulativos e “o objetivo central não é a produção de mercadorias agrícolas”.
Com um discurso contra o agronegócio, o site afirma que “quando a monocultura é implantada a demanda é o uso intensivo de agrotóxicos, o que vem acompanhado de conflitos com as comunidades tradicionais”.
A postura do site Brasil de Fato contra o agronegócio é sedimentada em declarações como a de Altamiran Ribeiro, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Piauí, que acompanha as comunidades no sul do estado, Santa Filomena, Baixa Grande do Ribeiro e Bom Jesus: “As plantas que as comunidades têm, quando eles jogam lá de cima o veneno, lá no monocultivo, a praga que está lá em cima da chapada desce para os baixões e devora e acaba com as plantações das famílias e perdem seu pezinho de caju, laranja, e quando é no período de chuva eles não fazem contrição, as enxurradas descem matando peixe, contaminando água e muitas outras coisas“.
O texto integral da reportagem do Brasil de Fato pode ser lido aqui.