Reajuste de 10% para servidores é nada vezes nada, apenas um truque de mágica fiscal
Reajuste de 10% para servidores é nada vezes nada, apenas um truque de mágica fiscal
O reajuste proposto, mesmo avançando minguados 1,17%, não cobre as perdas inflacionárias que achataram os ganhos dos servidores estaduais. Desde 2019, categorias como os professores não têm reajustes em seus vencimentos.
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Professores da rede estadual não têm reajuste desde 2019 e acumulam perdas salariais maiores que 10% (Foto: divulgação)
No acumulado de janeiro de 2019 a novembro de 2021, a inflação medida pelo IPCA somou 19,12%. Mas somente nos 12 meses entre outubro de 2020 e outubro de 2021, o acumulado somou 10,67%, ou seja, os 10% de reajuste propostos pelo governo são, na realidade, nada, nadinha, um valor escrito na água.
Em sua defesa, o governo petista do Piauí tem dito, com sua habitual cara de pau, que não concedeu reajustes porque foi obrigado a isso pela Lei Complementar nº 173, de 20 de maio de 2020, que estabeleceu o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus SARS-CoV-2 (Covid-19).
Trata-se de outro truque. Os governadores, num embate direto com o governo federal, pelas razões que todos conhecem, aceitaram a “imposição” de não conceder reajustes salariais a servidores para que fosse feito um socorro financeiro aos estados e aos municípios, na ordem de R$ 60 bilhões – pagos em quatro parcelas mensais e iguais a partir de maio de 2020.
Houve um aporte financeiro que certamente concorreu para organizar as finanças estaduais, mais ainda porque a lei deu outro refresco fiscal aos governadores: suspendeu os pagamentos das dívidas de estados e municípios. Além disso, a lei criou condições de refinanciamento e melhor gestão das dívidas de longo prazo.
O que aconteceu a partir de maio de 2020 com a Lei de Socorro aos Estados foi um alívio com o não pagamento de dívidas; aporte financeiro para estados e municípios afetados em suas economias pela pandemia e, por fim, no caso de estados mais pobres como o Piauí, uma injeção de recursos do auxílio emergencial que, levado para o consumo, fez crescer a arrecadação de ICMS, em um percentual considerável.
Por paradoxal que possa parecer, a pandemia pode ter favorecido as finanças de estados como o Piauí – que não precisou dar aumento de salários a servidores e, em medida inversa, ganhou mecanismos de ajustamento positivo de suas contas públicas.
Agora vem o governo, em ano pré-eleitoral, fingindo a bondade de um reajuste salarial que não cobre a inflação acumulada dos três anos em que não houve aumento real nos ganhos dos funcionários públicos estaduais.