O risco de ver divindade em pessoas comuns, mais próximas do Decaído do que de Deus

O risco de ver divindade em pessoas comuns, mais próximas do Decaído do que de Deus

Crentes das religiões monoteístas (elas são somente três e com origem comum semítica) se guiam pela infalibilidade de Deus e de suas escrituras sagradas – a Torá, livro sagrado do Judaísmo, a Bíblia, livro sagrado do Cristianismo, e o Corão, livro sagrado do Islã. Não se pode nem se devem contestar a Deus e às escrituras. Ponto final. Ou você aceita ou vira um pária, um herege, um infiel.

A Criação de Adão, detalhe do afresco de Michelângelo no teto da Capela Sistina: o homem é livre para o erro e para o acerto.

Que as pessoas se guiem por suas crenças monoteístas, é lícito que sigam acreditando em um Deus único, infalível, inerrante, que pelos textos judaico-cristãos criou o homem à sua imagem e semelhança, menos por um aspecto: o ser humano como projeto divino não tem o dom da inerrância, mas tem a prerrogativa da escolha, bem-posta pelo Criador na possibilidade infinita do livre arbítrio.

Diante da impossibilidade de a Criatura não ter a infalibilidade do Criador, me ponho a pensar como multidões de seres humanos se dispõem a enxergar em um semelhante seu o dom de nunca falhar, nunca errar. Fazem-se altares para pessoas comuns, gente como a gente, cultuando-as sob desculposas palavras dogmáticas das ideologias e do personalismo. 

Em um mundo assim, em que pessoas comuns tomam o lugar o Deus único, os que seguem essas Criaturas desviadas abrem mão do dom divino do livre arbítrio – e nisso vão estar mais próximas do Decaído do que de Deus.

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