Sem acordo, greve dos motoristas e cobradores de ônibus completa uma semana em Teresina

Trabalhadores pedem que convenção coletiva seja assinada, diz Sintetro

Por Marcelo Gomes e Laura Parente,

A greve dos motoristas e cobradores de Teresina completou uma semana nesta quinta-feira (04). O movimento foi deflagrado no último dia 28 de outubro. Dentre as reivindicações da classe, o objetivo principal é que a categoria tenha sua convenção coletiva de trabalho assegurada. Sem acordo com os empresários, a greve segue por tempo indeterminado na capital. 

Sem acordo, greve dos motoristas e cobradores de ônibus completa uma semana em Teresina (Foto: reprodução)

O secretário de Previdência Social do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários (Sintetro), Francisco Sousa, contou ao Portal AZ que os órgãos e empresas envolvidos ainda não dialogaram e nem buscaram um acordo com os trabalhadores do transporte coletivo. 

“Ninguém nos procurou até agora. A gente está esperando uma comunicação ou uma resposta. Estamos aguardando o que eles têm a dizer e a greve continua do mesmo jeito”, explicou Francisco. 

Os usuários são os mais prejudicados com a greve dos ônibus. Alguns, que não possuem condições de pagar Uber ou 99, aguardam por horas nas paradas. É o caso da empregada doméstica Elisângela Ribeiro, 57 anos, que, cansada de esperar por ônibus, teve que buscar uma solução, segundo ela, ‘salgada para o seu bolso’, para poder chegar ao trabalho. 

Trabalhadores pedem que convenção coletiva seja assinada, diz Sintetro (Foto: Wilson Nanaia / Portal AZ)

“Fechei contrato com um mototaxista para poder ir trabalhar. Estou pagando R$ 90 por semana, saindo do Angelim [zona Sul] para o Centro. É uma situação chata e que nunca se resolve. Não temos ônibus, quando tem, os que passam são lotados, sem distanciamento. Estou tendo esse gasto, que sai caro no mês, se somar tudo, para poder receber o salário do mês. Espero que acabe logo, não aguento mais”, desabafou Elisângela ao Portal AZ.  

Strans diz que sindicato não está cumprindo frota mínima 

No último dia 1º de novembro, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) informou, em nota encaminhada ao Portal AZ, que o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários (Sintetro) não está cumprindo a Ordem de Serviço que determina uma frota mínima de 70% nos horários de pico e 30% nos horários entre os picos durante a greve dos trabalhadores em Teresina.

TRT decide que 70% da frota de ônibus deve circular durante greve dos trabalhadores em Teresina (Foto: Portal AZ)

De acordo com a Strans, 138 ônibus estão circulando na capital. A Superintendência destacou que a ordem de serviço prevê a circulação de uma frota de 140 ônibus nos horários de maior circulação de usuários e 60 em outros horários.

“De acordo com a decisão judicial, o horário de pico o é aquele compreendido no intervalo entre 6 e 9 da manhã de segunda a sexta e das 5 da tarde até as 8 da noite. Aos sábados o horário foi considerado aquele das 6 às 9 da manhã e de meio dia às 3 da tarde”, disse trecho da nota.

MP pede circulação de 100% da frota de ônibus 

O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) entrou com uma ação civil pública requerendo o retorno imediato de 100% da frota operacional dos veículos do sistema de transporte coletivo de Teresina. O pedido foi expedido contra o Município de Teresina, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS) e as quatro concessionárias prestadoras do serviço de transporte público coletivo da capital.

Ministério Público entrou com ação pedindo circulação de 100% da frota de ônibus em Teresina (Foto: Portal AZ)

De acordo com o MPPI, o órgão recebeu diversas denúncias e reclamações de usuários do sistema retratando a má qualidade do serviço e que por conta disso entrou com a ação civil pública cobrando providências do Município de Teresina, da STRANS e das empresas concessionárias.

"Os usuários do transporte público ficam marginalizados nessa equação e nem sempre (ou quase nunca) têm as suas reivindicações atendidas. Defendemos os interesses sociais e a mitigação das desigualdades materiais, objetivando a efetivação de uma vida digna a cada indivíduo, em detrimento da busca exclusiva pelo lucro. Mais uma vez, surge a necessidade de que se protejam os elementos constituintes do mínimo existencial, que se encontram intimamente ligados aos direitos sociais”, explicou a promotora de Justiça Maria das Graças do Monte Teixeira.

Prefeitura decreta estado de calamidade por causa da crise

O prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, assinou o decreto de calamidade pública na prestação dos serviços de transporte coletivo urbano público da capital em 28 de outubro. O decreto tem prazo de 180 dias para reestabelecer a regularidade na prestação dos serviços.

Dr. Pessoa, prefeito de Teresina (Foto: Fernanda Gil Lustosa / Portal AZ)

O objetivo do documento é permitir ações emergenciais por parte da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito – STRANS para adotar medidas emergenciais, visando a contratação de empresa(s) de transporte coletivo para prover a continuidade da operação do transporte coletivo no município.

Entenda o caso 

Durante uma assembleia realizada no dia 27 de outubro, motoristas e cobradores do transporte coletivo de Teresina decidiram pela greve geral da classe, que se iniciou no dia 28 de outubro.

Segundo o secretário de Comunicação do Sintetro, Miguel Arcanjo, a categoria está em busca da assinatura da convenção coletiva da categoria, que estabelece o regramento sobre a jornada de trabalho de motoristas e cobradores.

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