Pressão de investidores faz Elon Musk acatar decisões do STF sobre X no Brasil
Advogados de fundos alertam que afronta ao Judiciário pode prejudicar negócios do bilionário
O recuo de Elon Musk em cumprir as determinações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para suspender o bloqueio do X (antigo Twitter) no Brasil, foi motivado pela pressão de investidores que alertaram sobre os riscos de desrespeitar as ordens judiciais. Advogados de dois fundos de investimento, que mantêm negócios com o magnata, acompanham de perto a situação do X e da Starlink no Brasil e temem que a postura de Musk afaste investidores atuais e futuros, além de comprometer os negócios.
Para os investidores, a situação deixou de ser apenas uma disputa verbal entre Musk e o ministro do STF e escalou para um problema de descumprimento de decisões judiciais, o que eleva os riscos que investidores querem evitar a todo custo. Segundo um advogado que preferiu não se identificar, “Musk tem muitos defeitos, mas não rasga dinheiro. A situação no Brasil reflete-se internacionalmente, levando a uma retração nos investimentos”.
Os efeitos financeiros já são consideráveis. A plataforma X foi multada em R$ 18 milhões pelo descumprimento das decisões judiciais, com mais uma multa adicional de R$ 5 milhões após a tentativa de burlar o bloqueio judicial. A Starlink também foi afetada, com as contas bloqueadas no Brasil, o que gerou preocupações entre os fundos de investimentos sobre a viabilidade de manter operações no país.
Além do impacto financeiro, há uma migração significativa de usuários do X para redes concorrentes, como Threads e Bluesky, fortalecendo rivais que podem capturar parte significativa do mercado. Outro fator agravante é a concorrência crescente da E-Space, empresa franco-americana que recebeu homologação da Anatel para operar no Brasil e que dispõe de uma frota de mais de 8 mil satélites de baixa órbita, representando uma ameaça significativa à Starlink.
Além dos desafios no Brasil, Musk enfrenta um cenário internacional complicado. Governos de várias partes do mundo, como a Austrália, estão se mobilizando para impor regulamentações mais rígidas sobre o X. A ministra das Comunicações australiana, Michelle Rowland, propôs uma lei para que as plataformas adotem códigos de conduta para conter a disseminação de fake news, sob pena de sanções. Em resposta, Musk chamou o governo australiano de "fascista", o que só intensifica a resistência política global.
“A cada nova barreira imposta ao X, o custo de manter o serviço aumenta, impactando outros negócios de Musk. Investidores querem estabilidade, não turbulências criadas pelo comportamento imprudente do bilionário”, acrescentou um dos advogados.
Após a nomeação de uma representante legal no Brasil, o STF deu cinco dias para o X comprovar sua regularidade no país. A plataforma foi suspensa devido à falta de representação oficial e multada por descumprir as determinações. A expectativa é que o acesso ao X seja restabelecido na próxima semana, mas apenas se todas as condições impostas pelo ministro Moraes forem atendidas.
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Fonte: Correio Braziliense