O pós-eleição é de crise fiscal
O pós-eleição é de crise fiscal
Amanhã o Piauí vai às urnas para eleger o seu novo governador. A polarização indica que o escolhido poderá ser Silvio Mendes ou Rafael Fonteles – e como há pesquisas de toda ordem, convém que se olhe menos para a projeção de quem será eleito, e mais para a certeza das enormes dificuldades fiscais que aguardam aquele que for escolhido pela maioria. A despeito de o candidato governista, Rafael Fonteles, ter vendido aos eleitores a mercadoria do estado fiscalmente equilibrado e financeiramente abonado, não é assim que a banda toca. O Piauí elevou consideravelmente sua dívida consolidada ao longo dos últimos quatro anos, nem sempre para investimentos em obras estruturantes que permitam aumentar a base econômica sobre cujos resultados financeiros se cobram tributos. Para piorar, a redução das alíquotas de ICMS sobre derivados de petróleo tirou receita tributária própria e, nesse combo de queda de receita, uma recessão que se desenha para 2023 não deixará o novo governador com margem para fazer muito mais que apertar o cinto e cortar despesas. Num cenário em que Silvio Mendes, do União Brasil, seja o governador, é possível que em face da própria natureza pessoal do candidato se possam levar a cabo cortes em despesas de custeio e redução da máquina administrativa – algo essencial no cenário da crise que se desenha. Não se pode ter a mesma expectativa de Rafael Fonteles, cria de Wellington Dias, um político que moldou a máquina pública para caber dentro dos conchavos político-partidários que vem fazendo ao longo de duas décadas, daí a estrutura burocrática do Piauí ter sido reformada pelo menos cinco vezes pelo próprio Wellington, saindo maior a cada vez que ele fazia as alterações. Rafael, com uma aliança partidária de base fisiológica agigantada, certamente terá enormes dificuldades de fazer o que é certo: passar uma faca nas gorduras da hipertrofiada máquina administrativa criada por seu padrinho político.
Está todo mundo apostando que o candidato Georgiano Neto será o maís votado para deputado estadual pelo MDB (foto: Instagram)
- Participe do nosso grupo de WhatsApp
- Participe do nosso grupo de Telegram
- Confira os jogos e classificação dos principais campeonatos
Piauí endividado
Anteontem, o governo do Piauí publicou o balanço parcial da execução fiscal relativo ao segundo quadrimestre de 2022 – maio a agosto, mostrando que a dívida consolidada do Estado soma R$ 8,350 bilhões – equivalente a 63,48% das receitas correntes líquidas previstas para 2022.
O governo diz que é uma situação confortável, mas não é.
Pessoal
Outro dado fiscal preocupante é que para este ano, os gastos com pessoal já excedem os limites da lei de responsabilidade fiscal. Nos últimos 12 meses – entre agosto de 2022 e agosto de 2022 – as despesas com pessoal somaram R$ 7,069 bilhões. É bem mais que o limite de 49% estabelecido pela LRF.
Extrapola
Nos dois primeiros quadrimestres de 2022, a despesa total com pessoal no Executivo somo R$ 4,944 bilhões. Isso projeta uma despesa de R$ 7,4 bilhões no fechamento do exercício fiscal, em dezembro.
Isso equivale a 56% das receitas correntes líquidas ajustadas para efeito da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Olha, olha!
Os indicadores fiscais do atual governo evidenciam que se corre para um desequilíbrio, o que compromete gastos, investimentos e limites projetados para 2023.
Para piorar, o governo aprovou uma lei que lhe dá direito a usar recursos de financiamento do BB e banco Itaú, ou seja, avança sobre as finanças do exercício seguinte.
Quem dança?
As projeções para eleição de deputado federal variam de quatro a cinco a federação PT-PV-PCdoB, o que indica que pode rodar gente graúda na disputa pelas vagas na Câmara.
São fortes candidatos Rejane Dias, Jadyel da Jupi, Flávio Nogueira, Francisco Costa, Wilson Martins, Merlong Solano e Florentino Neto.
Sendo cinco as vagas conquistas, rodam dois; sendo quatro, dançam três.
Quem dança?
O PT em aliança com PCdoB e PV para a Assembleia vai assistir na presente eleição ao fenômeno do triste fim dos petistas antigos, dos imemoriais tempos em que o partido era menos dinheiro e mais convicção ideológica.
Na chapa de deputado não há um filho de Deus que coloque na lista dos que podem ser eleitos petistas das antigas como João de Deus Sousa e Cícero Magalhães.
Neopetistas
Na lista dos mais votados entre os candidatos a deputado estadual pelo PT, estão mais cotados os recém-chegados Hélio Isaías, Jannaina Marques, Firmino Paulo, Fabio Xavier, Nerinho e Flávio Nogueira Junior.
Francisco Lima e Franzé Lima, petistas das antigas, Fabio Novo, da geração mais recente, ficam no pelotão intermediário.
No topo
Está todo mundo apostando que Georgiano Neto deve ser o mais votado entre os candidtos a deputado estadual pelo MDB.
Felipe Sampaio, filho de Themístocles Sampaio, é dado com eleito.
Olha a porca!
Os maldosos de plantão colocam como uma incerteza eleitoral, perto da boca da porca, o deputado estadual João Madison Nogueira.
Pesquisa
A última pesquisa IPEC, divulgada ontem, mostra que Silvio Mendes tem 48% das intenções de voto, enquanto Rafael Fonteles, do PT, fica com 47%.
Na margem de erro, estão tecnicamente empatados, com vantagem para o candidato da oposição, que, confirmados esses números, vencerá a eleição por pequena margem em primeiro turno.
Empurrado
Em campanha há mais de um ano, coordenador do Programa de Obras Marqueteiras Pro-Piauí, Rafael Fonteles chega à reta final da campanha não como puxador de votos, como convém a um candidato a governador com uma gigantesca estrutura como a dele. Chega empurrado pela máquina.
Ping-pong
Curso prático
Fevereiro de 1964, o deputado João Calmon não comparece a importante sessão do Congresso. José Sarney, companheiro de comissão, cansa de procurá-lo, mas somente encontra Calmon à noite.
Sarney: “O que aconteceu, Calmon?”
Calmon: “Nada. Entrei em um curso de revolução e hoje foi a primeira aula”.
Sarney: “Qual o tema da aula?”
Calmo: “A fuga!”
Baseado no livro de folclore político de Sebastião Nery